Gravação complica Jucá e Temer tem sua chance de provar o que afirmou

Atualizado 23-05-2016 16:58h: Romero Jucá acaba de pedir uma licença temporária até que o Ministério Público Federal se manifeste.


Romero Jucá causa grande constrangimento ao governo Temer, porém, surge a grande chance do presidente mostrar ao Brasil que sua proposta de apoiar a Lava Jato é realmente séria, conforme já se adiantou em declaração de hoje.

Fontes de Brasília no Senado, ligada à assessoria da presidência, informam que dificilmente Temer manterá Jucá como ministro do Planejamento, o que poderá lhe render créditos, após a instabilidade gerada pelo escândalo.

O dólar sobe e a bolsa cai. Segundo economistas ligados ao staff governamental, trata-se de uma reação natural, que não merece atenção especial, porque o mercado tem pressa na recuperação econômica e confia no atual governo interino.

Jucá não deve se sustentar, portanto, ficando a expectativa do nome que deverá substituí-lo. Essa deverá ser a tônica, depois da turbulência gerada.

Informações dão conta de que existe uma apreensão, por parte de alguns políticos, com relação às delações premiadas que surgirão, já que o ex-presidente da Transpetro, Sergio Machado, insinuou que tem mais gravações e está disposto a utilizá-las. A intranquilidade existe dentro dos quadros do PMDB e PSDB. Estes serão muito pressionados pela nova oposição – PT, PCdoB, PT etc.

O PSOL já anunciou que entrará com pedido de prisão de Romero Jucá e não deixará que outros supostos envolvidos tenham paz. Nada mais natural para os derrotados que buscam, desesperadamente, desestabilizar o governo e os partidos aos quais atribuem o tão proferido “golpe”.

da Redação OEB
com fontes de Brasília

Temer quer explicações convincentes de Jucá e reafirma apoio à Lava Jato

Presidente diz que vai avaliar explicações de ministro para decidir sobre sua demissão do Planejamento.

O presidente em exercício, Michel Temer, afirmou que espera explicações convincentes do ministro do Planejamento, Romero Jucá, para decidir se o manterá ou não no cargo, depois da revelação de uma conversa dele com o ex-senador Sérgio Machado, sugerindo um pacto para deter a Operação Lava Jato.

“Estou avaliando toda a história para saber se ele permanecerá ou não no Ministério e aguardarei as explicações do ministro. Ele precisa dar explicações convincentes sobre o caso e deve dar uma entrevista agora para falar sobre o assunto”, afirma Temer.

O presidente disse ainda que reafirma seu apoio à Operação Lava Jato.

“Repito o que tenho dito: a Lava Jato tem meu total apoio e continuará tendo”, garantiu.

Jucá diz que não se referia à Lava Jato em trechos de conversa divulgados

Quando falou em “estancar sangria”, ministro do Planejamento afirmou à rádio CBN que falava sobre a crise econômica; peemedebista voltou a afirmar que defende as investigações da Operação Lava Jato

O ministro do Planejamento, Romero Jucá, negou que tentou interferir para deter as investigações da Operação Lava Jato junto ao ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado . Nesta segunda-feira, 23, o jornal Folha de S. Paulo divulgou uma conversa em que Jucá sugere a existência de um pacto para obstruir a operação, dizendo que é preciso “estancar sangria”. “Não me referia à Lava Jato. Falava sobre a economia do país e entendia que o governo Dilma tinha se exaurido. Entendia que o governo Temer teria condição de construir outro eixo na política econômica e social para o país mudar de pauta”, disse Jucá em entrevista à rádio CBN, nesta manhã.

O peemedebista confirmou que esteve com Machado, pessoalmente em sua casa e no seu gabinete, e classificou os trechos da conversa divulgada como “frases pinçadas”. “Eu defendo e o Michel (Temer) também que haja aceleração da investigação para delimitar quem é culpado e quem não é culpado, quais são os crimes, quais políticos envolvidos ou não, porque hoje, ao ser mencionado alguém, parece que todo mundo tem o mesmo tipo de envolvimento, mas não é verdade. O Ministério Público, quando diz que é citado, coloca uma nuvem negra”, falou Jucá.

O ministro também disse defender o trabalho do juiz Sérgio Moro, responsável pelas investigações da operação em primeira instância,  em Curitiba, mas disse que o magistrado tem atitudes “duras”. Na conversa com Machado, Jucá classifica Moro como “Torre de Londres”, local na Inglaterra onde ocorriam execuções e torturas. “Acho que em alguns momentos ele age com dureza, que tem criado esse tipo de pressão e às vezes envolvem pessoas que têm nada a ver e são mencionadas”, falou se referindo às delações premiadas.

Na conversa divulgada pelo jornal, Machado pede apoio para que as ações que tramitam contra ele no STF, em Brasília, não fossem enviadas para a vara do juiz Sérgio Moro, em Curitiba. “Eu acho que a gente precisa articular uma ação política”, disse Jucá em um dos trechos.

Segundo o ministro, que é alvo de inquérito no Supremo Tribunal Federal, ele tem todo o interesse que o Ministério Público faça as investigações de forma mais rápida possível. “Quero investigação, tenho cobrado rapidez. Não me sinto confortável em ser citado como investigado. Perpetua essa nuvem sombria sobre a classe política”. O peemedebista também afirmou que não irá pedir demissão do governo porque se sente “tranquilo” com as investigações e “focado” no trabalho como ministro.

STF.  Jucá também negou ter falado com ministros do STF. “Tenho conversado sobre realidade econômica do País, construir saídas para o Pais crescer. Supremo tem papel importante para julgar rapidamente as investigações”

Aécio. Na conversa, Machado fala sobre o “esquema do Aécio” citado. Jucá afirmou que o ex-dirigente da Transpetro citava a articulação que ajudou eleger o senador do PSDB como presidente da Câmara.

Defesa. De acordo com o advogado de Jucá, Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, a conversa entre Jucá e Machado foi “totalmente republicana”. Ele alega que o peemedebista jamais teve a intenção de interferir nas investigações sobre o esquema de corrupção em contratos da Petrobrás. Segundo Kakay, “juridicamente” não há “nenhuma gravidade. Em 1h15 de conversa, aquilo é o que virou notícia? Isso não nos preocupa em nada”, disse.

da Redação OEB
com Estadão conteúdo