Lava Jato: Lula fez acordo com o PMDB para evitar seu impeachment no mensalão

Mais bombas para condenar Lula

A explosiva delação de Delcidio do Amaral deverá se juntar a outros, sobretudo daqueles citados.
Tudo isso se somará às provas, já catalogadas, que deverão ser inseridas no processo, contrariando as afirmações de Lula, em sua recente coletiva, onde apelou para o emocional e causou avaliações errôneas de muitos jornalistas que afirmaram a tese de erro ou exagero na acusação liderada pelo coordenador da Lava Jato – Deltan Dallagnol – numa coletiva à imprensa.

“Ou abraço o PMDB ou vou morrer”, disse Lula para evitar seu impeachment no Mensalão, segundo Delcídio

Ex-líder do Governo no Senado contou à força-tarefa da Lava Jato que petista, para evitar a própria cassação, fechou aliança com peemedebistas que estabeleceram ‘tentáculos em toda a estrutura de governo’

Lula. Foto: Fernando Donasci/Reuters

Lula. Foto: Fernando Donasci/Reuters

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Em depoimento gravado na investigação da Operação Lava Jato sobre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o delator e ex-senador Delcídio Amaral (ex-PT-sem partido-MS) contou como se deu o início da parceria PT-PMDB no governo federal. Segundo Delcídio, durante o Mensalão, Lula ‘abraçou’ o PMDB para evitar o risco de sofrer seu próprio impeachment.

O ex-senador declarou que no início da gestão Lula, o governo era ‘muito hermético’ e ligado aos partidos que tinham levado o petista à Presidência.

“Quando sobreveio o Mensalão, ele (Lula) percebe que ele se arruma ou ele poderia ser impichado, inclusive. Uma tese que era defendida desde o início do governo pelo ex-ministro José Dirceu (era) que o PMDB deveria participar ativamente da base do governo. O próprio José Dirceu trabalhou nisso. Quando o José Dirceu foi levar essa aliança para o Lula já combinado com o PMDB, o Lula não topou. Aí veio o Mensalão”, contou Delcídio.

VEJA O QUE AFIRMA DELCÍDIO NO VÍDEO, A PARTIR DOS 16 MINUTOS

À Procuradoria da República, o ex-senador relatou. “Quando veio o Mensalão, o Lula fez uma revisão das posições que ele vinha assumindo. Dizendo assim: ou eu abraço o PMDB ou eu vou morrer. Quando aí o PMDB veio fortemente para o governo. Estabeleceu tentáculos em toda a estrutura de governo. Não foi só na Petrobrás, não. Assumiu Ministério de Minas e Energia, Eletrobrás, o setor elétrico, que nos governos anteriores era feudo do PFL, passou a ser feudo do PMDB.”

O Ministério Público Federal questionou Delcídio Amaral se ‘houve um acordo para poupar o presidente Lula do impeachment?’ e se ‘havia essa possibilidade?’

“Havia essa possibilidade”, Delcídio responde. “Ali havia um risco muito grande de ele ser impichado.”

Delcídio relatou ainda a retirada dos nomes do ex-presidente Lula, e de seu filho Lulinha, do relatório final da CPI dos Correios.

“Na reta final, existia o relatório que estava sendo preparado propunha, entre outras coisas, o indiciamento do presidente Lula e de um dos filhos dele. Acho que é o filho mais velho, o Lulinha por causa da questão da Gamecorp com a antiga Telemar se eu não estou enganado. Dentro de uma composição que foi feita, na véspera da votação do relatório, esse indiciamento… Esse tira e põe faz parte do dia a dia do Congresso. Não é uma coisa específica só da CPI dos Correios”, declarou.

“Isso acontece no dia a dia em outras CPIS. Em sessões das Comissões de Fiscalização e Controle e que acompanha conta de governo. Não é uma coisa excepcional. Independentemente do acordo que foi feito para qu8e a gente concluísse a CPI e com resultado, porque havia um risco muito grande de a gente perder o controle do processo e perder um trabalho de onze meses, um trabalho forte, foi feito um acordo. Os indícios e a documentação que a CPI levantou, um eventual impeachment do presidente Lula não terminaria ali. Ele poderia continuar, porque nós fizemos um trabalho forte, nós rastreamos dinheiro desde que saiu do Banco do Brasil, quando foi para as empresas do Marcos Valério. Depois quando sai das empresas do Marcos Valério e vai irrigar as contas do partido. Tudo isso estava rastreado. Existia uma operação forte comandada pelo próprio Marcos Valério, que era uma espécie de braço armado do próprio Delúbio (Soares) para alimentar as estruturas partidárias. Mesmo tendo havido um acordo que passou por todo mundo, pelo menos pelos principais líderes na CPI, existiam argumentos suficientes para dar continuidade a um processo deafastamento.”

da Redação OEB
com Estadão conteúdo