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Segundo a Vital Strategies, através da médica epideomologista e especialista senior do órgão, Fátima Marinho, foram 242.249 mortes por SRAG neste ano, no Brasil, até 14 de dezembro.
O mesmo órgão informa que quase 33 mil mortes por Covid-19 foram omitidas, somente neste caso.
A Vital Strategies compartilhou os dados com profissionais do Ministério da Saúde e a pasta afirmou que os dados são revisados e só depois são incluídos no sistema de monitoramento.
Os dados foram coletados no Sivep-Gripe (Sistema de vigilância Epidemiológica da Gripe) da própria pasta da Saúde.

Na gestão Mandetta, como ministro da Saúde, já se falava, amplamente, das subnotificações nos dados referentes a óbitos pela pandemia do coronavírus. Hoje, os noticiários destacam as mortes não contabilizadas por SRAG (síndrome respiratória aguda grave) sem uma causa específica. E esses pacientes que foram a óbito tinham três ou mais sintomas clínicos de Covid. Com isso, mesmo que os testes dessem negativo, os casos deveriam ter sido diagnosticados como suspeitos, segundo protocolo da OMS.
Segundo levantamento feito pela Vital Strategies, foram omitidas quase 33 mil mortes por SRAG.
Somando-se estes números às tão debatidas e comprovadas subnotificações, o número se torna incalculável.
De 2.000 mortes avaliadas de pacientes com três sintomas ou mais da nova doença e resultado negativo para o coronavírus, 90% foram confirmados como Covid após a realização de necropsia.
Os testes, fundamentais para o acompanhamento dos óbitos e consequente estudo de prevenção e combate, nunca foram incentivados pelo governo, sobretudo pelo seu chefe tão negacionista. Um bom exemplo foi a descoberta de 6,86 milhões de testes RT-PCR estocados pelo governo Federal, vencendo num depósito e só foi a público graças a atuação da imprensa, revelado pelo Estadão, o que evitou que estes milhões de testes fossem para o lixo. Solução apresentada até agora: dilatação do prazo de validade dos mesmos.
Estes testes, na rede privada, tem o custo do exame, em torno de R$ 290 a R$ 400. As evidências de falhas de planejamento e logística no setor ocorrem em um período de aumento dos casos no País. Detalhe: o ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, assumiu o cargo justamente por sua experiência em logística, sempre elogiada pelo presidente Jair Bolsonaro.
Mandetta, quando ministro da Saúde, foi criticado duramente pelo próprio presidente, por ser transparente nas informações sobre a gravidade da pandemia, por apresentar os números verdadeiros e, sabotado, ao deixar a pasta, informou que, sem um trabalho sério, os números poderiam chegar a 180 mil mortes.
Ridicularizado, foi motivo de críticas, sob a afirmação de que não passaríamos de 800 mortes, com palavras do próprio negacionista Bolsonaro.
Hoje, passamos de 190 mil mortes, sem contar as subnotificações e, agora, com este fato revelado pela Folha, de que quase 33 mil mortes não foram computadas, nos dá uma projeção assombrosa que foi omitida da população que clama por vacinas que não foram reservadas nem compradas, a exemplo de países que já iniciaram a imunização por terem se planejado, mostrando respeito à vida.
No mundo, já temos mais de 1 milhão de vacinados nestes poucos dias e o número poderá dobrar e triplicar, também, em pouquíssimos dias, enquanto o governo brinca com as datas de início da vacinação, sem planejamento e sem transparência.
Total de mortes por SRAG no Brasil
352 SRAG por Influenza
272 SRAG por outro vírus respiratório
582 SRAG por outro agente
68.631 por SRAG não especificado
170.292 SRAG por Covid-19
2.120 Ignorado
Do total de 68.631 mortes não especificado, 32.923 pacientes apresentaram sintomas de Covid-19.
Responsável pelo levantamento, Marinho disse que uma pesquisa da Vital Strategies em parceria com a UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) buscou provar que há casos de Covid-19 nos dados de SRAG não especificados. Para isso, um estudo, ainda não divulgado, foi realizado em três municípios brasileiros.
“Queríamos mostrar que a maioria desses casos é Covid-19. São pessoas que correspondem aos critérios clínicos, não têm histórico epidemiológico, mas moram em área com muitos casos”, afirmou
Na avaliação da especialista, ainda falta no Brasil uma coordenação por parte do Ministério da Saúde, o que é público e notório para a população brasileira.
“A gente precisa ter um critério que defInfoGripe,Fundação ina casos de Covid-19. Com certeza a gente não está identificando todos os casos de morte pela doença nem todos os casos. Há mortes de pacientes por Covid-19 em casos não especificados, isso não tenho nenhuma dúvida. Temos ao menos 20% a mais de mortes do que está sendo divulgado hoje”, disse.
Marinho citou a Colômbia como exemplo de notificação. Segundo ela, o país sul-americano tem usado critérios clínicos para mortes com características de Covid mesmo com testes negativos, inconclusivos ou que não tenham sido realizados (caso o paciente tenha tido contato com infectados).
O coordenador do InfoGripe e pesquisador em saúde pública da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), Marcelo Gomes, compartilha da visão de Marinho de que há mortes por Covid-19 nos casos classificados como não especificado.
Segundo ele, muitos casos não são detectados em testes por diversos motivos, como tempo de início dos sintomas até a realização do teste, qualidade e tipo da coleta realizada, armazenamento e transporte até a chegada ao laboratório.
De acordo com Gomes, das mortes por SRAG no país com identificação do vírus, 99% têm relação com o Sars-CoV-2. Isso sugere que, nos casos não identificados, boa parte seja Covid-19.
Enquanto isso, a população continua sendo vítima da omissão do governo Federal, não só de informações, mas de ações que deveriam ser tomadas, de forma efetiva, no controle e combate a maior crise sanitária do século, que aterroriza todo o planeta.
Da Redação O Estado Brasileiro
Fonte: Folha, Estadão e órgãos de saúde
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