Marcelo Odebrecht quer falar

Não tendo mais nada a perder e com muito mais provas surgindo, na certeza de uma pena com prazo longo, Marcelo Odebrecht quer falar e João Santana será um tema. Muito terá a dizer sobre a campanha de Dilma.
Essa delação certamente complicará ainda mais a situação de Lula que já está até o pescoço de evidências que, fatalmente, o levará para a cadeia por um longo período.

Otávio Marques de Azevedo e Marcelo Odebrecht no IML para realização de exame de corpo de delito, em Curitiba, Paraná, no sábado (20) (Foto: Geraldo Bubniak / Parceiro / Agência O Globo)

Em depoimento, Marcelo Odebrecht diz que quer falar sobre Operação Acarajé
Empreiteiro pediu para ser ouvido na semana que vem e indicou que falará sobre o publicitário João Santana, responsável pela campanha de Dilma Rousseff.

O empreiteiro Marcelo Odebrecht, preso na Lava Jato desde a metade do ano passado, disse em depoimento prestado à Polícia Federal ontem, às 11h40, que deseja colaborar com as investigações envolvendo o marqueteiro João Santana, que trabalhou para a campanha da presidente Dilma Rousseff e foi detido ontem na Operação Acarajé.

“O declarante não deseja ficar em silêncio, mas não está preparado para responder neste momento em face de estar atuando em sua defesa, a qual se encontra na fase de alegações finais a vencer próxima segunda-feira, dia 29 de fevereiro. Que deseja colaborar e prestar novas declarações a partir da semana que vem”, afirmou Marcelo em depoimento.

A PF fez, ao todo, 17 perguntas para o controlador da Odebrecht — que preferiu ficar em silêncio neste momento. Os investigadores queriam saber se o empreiteiro sabia a quem se refere o termo “Feira”, cuja suspeita é que seja João Santana, e qual o significado da anotação “Prédio (IL)”, apontada como uma possível referência ao Instituto Lula.

Pessoas que tiveram contato com Marcelo ontem disseram que ele está “irritadíssimo”, porque não teve acesso aos inquéritos que balizaram a Operação Acarajé. Além disso, o empresário ficou contrariado porque agora terá de dividir o seu tempo entre se defender na nova etapa da Lava Jato e terminar até a próxima segunda-feira as suas alegações finais na ação penal em que é acusado de ter participado de um esquema de lavagem de dinheiro e corrupção na Petrobras.

A defesa do empreiteiro solicitou ao juiz federal Sergio Moro, responsável por conduzir os processos da Lava Jato na primeira instância em Curitiba, que Marcelo retorne ao Complexo Médico Penal em Pinhais, no Paraná, onde estava detido antes de ser transferido ontem para a carceragem da Polícia Federal, em Curitiba. Além disso, os advogados solicitam que o prazo para a apresentação das alegações finais seja prorrogado de acordo com os dias em que o empresário esteve na PF.

Confira a seguir a íntegra do depoimento de Marcelo Odebrecht:

O jornalista e marqueteiro João Santana, preso durante a 23ª fase da Operação Lava Jato, chega ao Instituto Médico Legal (IML) para realização de exame de corpo de delito, em Curitiba, na tarde desta terça-feira (23) (Foto: Ernani Ogata/Codigo19 / Ag. O Globo)

O marqueteiro João Santana e sua mulher, Mônica, voltaram ao Brasil e se entregaram para a Polícia Federal nesta terça-feira (23). A prisão ocorre após a PF deflagrar a Operação Acarajé, uma das fases da Lava Jato. Santana é acusado de receber ao menos US$ 7,5 milhões ilícitos, depositados pela empreiteira Odebrecht e pelo operador Zwi Skornicki, ligado ao pagamento de propina proveniente do petrolão.

Entenda a Operação ACARAJÉ – vídeo

com Revista Época