A vitimização é direito e recurso dos culpados
Caros amigos,
José Antônio Dias Toffoli – o advogado petista alçado à condição de Ministro do STF por Lula da Silva, agora réu na Operação Lava Jato – em recente manifestação, afirmou, de forma coerente com seu currículo profissional e, principalmente, com as afeições e compromissos que o levaram à Suprema Corte, que “megaoperações” do judiciário levam ao totalitarismo. Disse isso, ironicamente, como se o totalitarismo não fosse o objetivo maior do partido que o colocou naquela função como etapa e condição para esta conquista!
Referiu-se ao Judiciário, olhando de soslaio para o Juiz Sérgio Moro e para a equipe de Promotores que investigam a roubalheira do PT, como se este estivesse a ultrapassar seus limites e a exercer um poder virtual – o moderador – que, desde a proclamação, por uma centena de anos, foi exercido pelos militares, endossando assim um defeito congênito da frágil, capenga e vulnerável República brasileira.
Dando rédeas à uma visão distorcida da ética profissional, além de acusar os Juízes de estarem exacerbando de suas funções e de equipararem-se aos militares em atitudes tomadas em outros tempos, ainda os ameaçou com a condenação ao ostracismo pelo desgaste decorrente de fazer o que é certo e direito – mas não politicamente correto – como se este tipo de valor pudesse ser mais importante do que a honestidade e a coragem de aplicar a justiça.
Chamou o povo brasileiro – farto de ser enganado e roubado – de doido e imoral e acusa o Judiciário de criminalizar a política – como se esta não estivesse sendo exercida por uma maioria de “picaretas”. Condena as investigações da Lava Jato e a punição de políticos e empresários criminosos porque, no seu modo de ver, a aplicação da lei para essa classe de cidadãos representa a negação do direito e da democracia.
Na mesma linha irônica de pensamento manifestou-se o Presidente do Congresso, Senador Renan Calheiros, ao chamar de “exibicionismo sem culpa formada” a exposição pública, as explicações e as justificativas apresentadas pelos integrantes do Ministério Público (MP) no Paraná sobre às acusações que fizeram ao ex-presidente Lula da Silva e que foram acolhidas pelo Juiz Sérgio Moro.
Para o Senador, dizer a verdade e expor à sociedade – doida e imoral, segundo Toffoli – o resultado de um minucioso trabalho investigativo é exibicionismo, o que – parece que ele não sabe! – será sempre feito sem a definição da culpa, porquanto cabe ao Juiz e não ao MP fazê-lo.
Por várias razões indiciado e em vias de ser processado, o Senador Calheiros parece advogar em causa própria. Talvez lhe interesse um perfil mais baixo na publicidade das demandas acusatórias que recaem sobre ele. Aparenta ter tanto medo da verdade que ameaça usar o seu poder para criminalizar a sua prática!
Fazendo coro com o que me permitem interpretar as falas do Ministro Dias Toffoli, o Senador, ao que tudo indica, enxerga Sérgio Moro e Deltran Dalagnol como dois grosseirões que desconhecem as normas do comportamento politicamente correto e que, por isto, usando via da justiça, querem desmascarar reputações e descortinar crimes que, até pouco tempo, pareciam inalcançáveis.
A vitimização é direito e recurso dos culpados. É o que, como parte desse povo “doido e imoral”, tenho o direito de pensar e de interpretar!
Gen Bda Paulo Chagas
575
Relacionado