Vem aí mais um ministério para abrigar o centrão

COLUNISTAS –

Bolsonaro coloca em gestação a recriação do Ministério do Desenvolvimento Indústria e Comércio Exterior, fatiando o “Super” Ministério da Economia e obedecendo a pressão do “centrão” para a criação de mais cargos. E de forma rápida, como exigido!

Ao mesmo tempo em que enfraquece ainda mais Paulo Guedes, agrada o “centrão”, cedendo às exigências deste que, costumeiramente, suga presidentes fragilizados pela incapacidade administrativa e de articulação, como fez com Dilma Roussef, amealhando aquilo que mais lhe interessa – cargos e mais cargos, num insaciável consumo destes, mostrando que tem poder sobre os mais fracos.

Depois de escolher um petista para o Supremo Tribunal Federal, decisão apoiada pelo mesmo “centrão”, que necessita, assim como o presidente e sua família, de reforço na blindagem jurídica, diante de tantos escândalos e casos investigados, incluindo o mandatário.

O bolsonarismo permanece calado, embora estupefato, diante da volta de todos aqueles que eram instruídos a combater. Sem argumentos, criam factoides, na tentativa de se defenderem daqueles que se viraram totalmente contra o seu “mito”, que nada fez e fará, do que prometeu, protagonizando o maior estelionato eleitoral de nossa história.

O novo ministério já recebeu um não, no primeiro convite para o dirigir. Trata-se do deputado Marcos Pereira (Republicanos), que foi sondado mas, de pronto, disse que não tinha interesse. Ele comandou esta pasta, que deve ser recriada nos próximos dias, durante o governo de Michel Temer.

Marcos Pereira é um dos candidatos à sucessão de Rodrigo Maia na presidência da Câmara dos Deputados e não quis se envolver.

O extinto Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, que deverá ser recriado agora, foi acoplado ao Ministério da Economia e renasce como mais um abrigo ao famigerado e insaciável grupo do “centrão”.

O desmembramento do Ministério da Economia será feito, em primeiro momento, nas áreas de previdência e trabalho, segundo fontes do próprio partido Republicanos, ao qual pertencem os dois filhos do presidente – Flávio e Carlos Bolsonaro.

Segundo a mesma fonte, a decisão de recriação do Ministério, já foi tomada no Planalto e que está em acelerado processo, como exige o “centrão”.

O estelionato eleitoral se confirma mais uma vez, mostrando que não passou de um teatro todo o “combate” ao fisiologismo, toma-lá-da-cá e tantas outras promessas, reforçado pelo ministro General Heleno com direito a performance de cantor, dançando e interpretando a paródia “Se gritar pega centrão, não fica um, irmão!”.

Como todos sabem, o tal centrão suga tudo o que puder, quando detecta fragilidade e incompetência no alto cargo do Executivo. Depois, a exemplo do que ocorreu com Dilma, abandona às traças na hora da inevitável queda daquele que não consegue se manter de pé sozinho, partindo para as negociações já no próximo possível eleito, pois sabe o poder de articulação e controle que tem.

Portanto, o governo que iria diminuir drasticamente o número de ministérios, recria os extintos, com o apoio e união de todos aqueles que o povo brasileiro lutou tanto para derrubar.

Celso Brasil
Jornalista e colunista