Vacas superfaturadas pode ser apenas um dos motivos de Picciani ter votado contra o impeachment

Ligando os pontos…
Leonardo Picciani, envolvido na Lava Jato com superfaturamento, desde o processo do impeachment já mostrava de que lado estava, quando votou pelo não ao processo de afastamento definitivo da ex-presidente Dilma.
Na contramão da vontade do povo, não seguiu a orientação do PMDB e mostrou-se muito petista no voto de plenário.
O envolvimento foi citado em detalhes por uma executiva envolvida com o petrolão.

Executiva diz que ‘comprou vacas superfaturadas’ de empresa de ministro do Esporte para caixa 2 de empreiteira

Leonardo Picciani. Foto: Gabriela Korossy / Câmara dos Deputados

Leonardo Picciani. Foto: Gabriela Korossy / Câmara dos Deputados

A matemática Tania Maria Silva Fontenelle, ligada à Carioca Engenharia, afirmou em acordo de leniência com a Operação Lava Jato que comprou vacas superfaturadas da empresa Agrobilara Comércio e Participações Ltda para ‘gerar dinheiro em espécie’ para a empreiteira. A Agrobilara pertence à família Picciani.

Acesse o documento:

São controladores da Agrobilara os peemedebistas Leonardo Picciani, ministro dos Esportes do Governo Michel Temer, Jorge Picciani, presidente da Assembleia Legislativa do Rio, e Rafael Picciani – deputado estadual, secretário de coordenação de Governo da Prefeitura do Rio.

Tania Fontenelle declarou que entrou em 1988 na Carioca Engenharia, da qual se desligou em 2015. Segundo a matemática, ela ‘recebia solicitações de acionistas e diretores da Carioca Engenharia para providenciar dinheiro em espécie e assim procedia’.

“Simplesmente atendia as solicitações de obter dinheiro em espécie e entregava a quem fazia a solicitação ou a pessoas da empresa por eles indicadas”, declarou.

Jorge Picciani. Foto: Paulo Vitor/Agencia Estado

Jorge Picciani. Foto: Paulo Vitor/Agencia Estado

Rafael Picciani. Foto: Wilton Junior/Estadão

Rafael Picciani. Foto: Wilton Junior/Estadão

Em Termo de Manifestação de Adesão e de Depoimento firmado com o Ministério Público Federal e homologado pela 5ª Câmara de Coordenação e Revisão do MPF e pelo juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba, Tania relatou que ‘para gerar tais recursos em espécie, quando eram solicitados, a declarante utilizava a contratação de outras empresas prestadoras de serviços, celebrando contratos simulados’.

O tema do depoimento da matemática é ‘Geração de Caixa 2 pela Carioca’. As declarações foram prestadas no dia 19 de abril deste ano.

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Nesta segunda-feira, 17, Tania depôs ao juiz Moro em ação penal sobre suposto pagamentos de propinas nas obras do Centro de Pesquisa da Petrobrás (Cenpes).

“Essas empresas recebiam da Carioca Engenharia os pagamentos previstos nos contratos, retinham a parte referente à real prestação de serviços, quando havia, ficavam com uma comissão entre 25% e 30% e devolviam em espécie o restante à depoente (Tania Fontenelle)”, declarou no âmbito do Termo de Manifestação de Adesão e de Depoimento.

Tania citou a Agrobilara Comércio e Participações LTDA. De acordo com dados da Receita Federal, a empresa da família Picciani tem capital social de R$ 40 milhões.

“Agrobilara Comércio e Participações LTDA, mediante a compra, por empresa do grupo da Carioca Engenharia, de animais bovinos com preços superavaliados; que os animais (vacas) foram efetivamente entregues, porém parte do valor pago foi devolvida em espécie à Carioca Engenharia”, afirmou Tania.

A executiva ligada à Carioca afirmou que ‘simplesmente atendia as solicitações de obter dinheiro em espécie e entregava a quem fazia a solicitação ou a pessoas da empresa por eles indicadas’.

“Obviamente sabia que a destinação dessas quantias era ilícita, para corrupção ou para doação eleitoral não-declarada; que, entretanto, não manteve contabilidade ou controle disso, pois estava há muitos anos na empresa, tinha a confiança dos acionistas e eram recursos não oficiais que normalmente entregava aos solicitantes”, declarou.

A reportagem procurou o Ministério dos Esportes que informou que Leonardo Picciani está no Japão. A assessoria de imprensa da Prefeitura do Rio afirmou que só trata de assuntos institucionais da Secretaria  de Coordenação de Governo.

ARGUMENTAÇÃO DE JORGE PICCIANI, PRESIDENTE DA AGROBILARA

“Desconhecemos quem seja esse senhora, que – caso a informação dada ao jornal seja verídica – está praticando um crime ao mentir para as autoridades.

A família proprietária da Carioca é, como se sabe, antiga e conhecida criadora de gado Nelore. E a Agrobilara, como se sabe igualmente, uma das principais fornecedoras de genética de Nelore P.O. do Brasil.

Todas as vendas feitas seguiram rigorosamente os preços praticados no mercado, e eventualmente até abaixo dele, com notas fiscais emitidas mediante cobrança bancária e impostos devidamente recolhidos.

Todas as transações podem ser comprovadas, assim como as entregas e transferências de propriedade, através do livro de registro da ABCZ (Associação Brasileira de Criadores de Zebu).

A Agrobilara, por mim presidida, está à disposição das autoridades para comprovar a improcedência das afirmações desta senhora, que será por nós processada e instada a provar que teria havido superfaturamento e/ou devolução de recursos em espécie da nossa parte, caso as informações do jornal a propósito de possível acordo de leniência se confirmem.”

Atenciosamente

Jorge Picciani

Matéria veiculada pelo R7 [vídeo]

da Redação OEB
com Estadão conteúdo
e R7