Testemunhas e mensagens indicam que Queiroz era controlado rigidamente por Wassef

Queiroz era mantido sob rígido controle.
Por quê?
A quem interessava isso?
Quem temia o aparecimento e comunicações de Queiroz?

Frederick Wassef, Flávio e Jair Bolsonaro

Enquanto o ex-assessor de Flávio Bolsonaro esteve escondido na casa de Frederick Wassef, em Atibaia, foi mantido sob rígido controle.

É o que testemunhas e mensagens interceptadas pelo Ministério Público do Rio de Janeiro comprovam.

Wassef nega o fato de ter controlado Queiroz, o que o faria explicar o motivo e a quem ele atendia tais ordens. O motivo ainda não foi revelado.

Fabrício Queiroz e Flávio Bolsonaro

Queiroz é suspeito de operar o esquema de “rachadinha” no gabinete do então Deputado Estadual pelo Rio de Janeiro, hoje, Senador Flávio Bolsonaro, mas suspeitas de muitos outros atos ilícitos foram comentados, inclusive pela imprensa, com grande repercussão nas redes sociais.

Testemunhas observaram que Queiroz ficava apreensivo ao receber telefonemas, quando estava fora da casa de Wassef, quem o monitorava durante todo o tempo e não gostava que ele saísse.

O jornal “O Estado de São Paulo” publicou, nesta quinta-feira, dia 2 de julho, mensagens interceptadas pelo Ministério Público do Rio. A TV Globo confirmou o teor das referidas mensagens que revelam que Márcia Aguiar, esposa de Queiroz, se queixava de viver como “marionete do Anjo”. Investigadores dizem que “Anjo” é como Queiroz e seus parentes chamavam o advogado Wassef, que nega ser este seu apelido entre eles.

Em uma das mensagens interceptadas, Márcia disse:

“A gente não pode mais viver sendo marionete do anjo. ‘Ah, você tem que ficar aqui, tem que trazer a família’. Esquece, cara. Deixa a gente viver nossa vida. Qual o problema? Vão matar? Ninguém vai matar ninguém. Se fosse para matar, já tinham pego meu filho aqui”.

A advogada Ana Flávia Rigamonti, que trabalhou para Wassef, em Atibaia, disse ao JN, na semana passada, que não havia recebido orientação de Wassef para vigiar Queiroz, porém, sempre o acompanhava nas saidinhas, segundo se apurou.

No pedido de prisão de Queiroz, os promotores citam uma pessoa chamada “Ana”, mas não confirmam se é a advogada Ana Flávia Rigamonti. Segundo os investigadores, o filho de Márcia encaminhou para a mãe uma mensagem de áudio que ele recebeu de Ana.

Na gravação, Ana afirma que não teria contado ao anjo” da viagem de Queiroz e de Márcia. E ela faz um pedido: “se ele questionar alguma coisa, vocês falam que foi agora”.

Segundo o Ministério Público, eles temiam que Frederick Wassef viesse a saber da viagem pelo fato de “Ana” ter se ausentado da casa.

As mensagens mostram que Queiroz teve que se submeter a rígido controle, tanto nos deslocamentos quanto na comunicação e era acompanhado, sempre, por uma terceira pessoa que se reportava a um superior – o “Anjo”, afirmam os promotores.

Testemunhas contam que Queiroz fazia o trajeto da casa a uma loja de conveniência a pé e dependia de favores para outros deslocamentos, pois não tinha carro.

O dono da loja de conveniência chegou a levá-lo ao médico, em Bragança Paulista e até mesmo para fazer uma cirurgia no olho.

“E ele estava com muito problema nos olhos. Dava uma peninha no olho, estava muito feia. Como ele não estava conseguindo dirigir direito e não tinha automóvel, ele me pediu para levar em algumas consultas médicas, e eu levei, em Bragança Paulista. Ele estava com muitos problemas financeiros, estava muito preocupado com essa questão. Então, ele comentou comigo que não tinha ajuda de ninguém. Era só aposentadoria da PM dele”, diz o empresário.

Wassef nega ter mantido Queiroz sob controle e que não o escondeu, já que ele não era procurado ou foragido da Justiça. Negou, também, ser o “Anjo”, mencionado nas mensagens e que o uso da casa era livre até que Queiroz optasse para sair de lá e escolher outro lugar. Também afirma estar sendo vítima de fake news e que sua ação era puramente humana, ao abrigar o agora presidiário que tem sua esposa foragida.

Fonte: Rede Globo e G1