A presidente Dilma Rousseff pode ser um dos alvos deste possível inquérito
Assim como a situação narrada por Delcídio, o fato pode ensejar um inquérito por tentativa de tumultuar as investigações da Lava Jato – com Lula ou Dilma como investigados.
A procuradores da República do grupo de trabalho montado por Janot, Diogo Ferreira confirma também que Lula estaria por trás da tentativa de evitar uma delação premiada do ex-diretor da Petrobrás Nestor Cerveró.
STF homologa delação
Nos depoimentos, Diogo Ferreira confirma a colaboração feita pelo senador e ex-líder de governo, inclusive no ponto relativo à ofensiva do Planalto para tentar intervir na Operação Lava Jato
BRASÍLIA – O ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF), homologou no último dia 14 a delação de Diogo Ferreira, ex-chefe de gabinete do senador Delcídio Amaral (sem partido-MS), segundo fontes com acesso à investigação. Nos depoimentos, ele confirma a colaboração feita pelo senador e ex-líder de governo, inclusive no ponto relativo à ofensiva do Planalto para tentar intervir na Operação Lava Jato. Ferreira também confirma o envolvimento do filho do pecuarista José Carlos Bumlai, amigo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na tentativa de comprar o silêncio do ex-diretor da Petrobrás Nestor Cerveró.
O ex-chefe do Gabinete do senador Delcídio Amaral (sem partido-MS), Diogo Ferreira Rodrigues,ao ser preso pela Operação Lava Jato
Em delação premiada, Delcídio afirmou que o governo tentou intervir nas investigações da Lava Jato por meio do Judiciário. Segundo ele, a indicação do desembargador Marcelo Navarro Ribeiro Dantas para o Superior Tribunal de Justiça (STJ) teve intuito de determinar a soltura de executivos presos na Operação. O senador mencionou conversa com a presidente Dilma Rousseff na qual a petista solicita que o então líder do governo conversasse com Navarro, na época candidato à vaga no STJ, sobre o seu “compromisso”.Nos depoimentos à Procuradoria-Geral da República (PGR), Diogo Ferreira confirma que Navarro esteve ao menos três vezes no gabinete de Delcídio, que destinava ao desembargador atenção especial, e em uma conversa no “palácio presidencial”. O ex-chefe de gabinete do petista afirmou aos investigadores que sabia pelo senador que a indicação de Navarro tinha como objetivo a liberação de réus da Lava Jato de interesse do Planalto.Ferreira menciona ainda uma reunião entre o senador petista e o então ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, sobre o assunto. O nome de Cardozo, atual advogado-geral da União e responsável pela defesa da presidente Dilma Rousseff no processo de impeachment, também é mencionado na delação de Delcídio.
Com base na delação de Delcídio, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, avalia a possibilidade de pedir a abertura de uma investigação pelo que classifica como “trama espúria” envolvendo a indicação de Navarro. A presidente Dilma Rousseff pode ser um dos alvos deste possível inquérito. A partir da homologação, a delação de Diogo Ferreira pode servir para reforçar eventuais pedidos de investigação.
Além do caso Navarro, a PGR analisa a conversa telefônica interceptada entre Dilma e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na qual os dois conversam sobre o “termo de posse” do petista na chefia da Casa Civil. Assim como a situação narrada por Delcídio, o fato pode ensejar um inquérito por tentativa de tumultuar as investigações da Lava Jato – com Lula ou Dilma como investigados.
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