Preços represados tornaram aumento dos combustíveis inevitável

O Dólar alto há anos, não foi citado nos discursos de palanque

O reajuste de 5,18% na gasolina e de 14,26% no diesel são apenas preços represados. A interferência do governo na empresa é fortemente criticada por especialistas e acusam políticos do uso da petroleira como ‘palanque eleitoral’.

Os maiores especialistas afirmam que o aumento promovido pela Petrobras é inevitável em razão do atual patamar de câmbio e dos preços do petróleo.

A medida chegou atrasada, pois os preços praticados pela petroleira estavam há semanas defasados em relação à paridade internacional.

A continuidade, sem aumento, poderia gerar dificuldades na importação e consequente desabastecimento.

O presidente da Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), Sérgio Araújo, se manifestou dizendo:

“[A Petrobras] fez o que já deveria ter feito muito tempo atrás. É inevitável e estava atrasado já”…”A Petrobras comercializa commodities e é uma empresa de capital misto, então precisa dar o melhor resultado para os seus acionistas. Não faz sentido ela ficar praticando preços artificiais”.

A gasolina estava nesta sexta-feira, antes do reajuste anunciado pela Petrobras, com uma defasagem de 13% em relação à paridade de importação, e o diesel, de 21%.

O ex-diretor da ANP David Zylbersztajn, avalia que a Petrobras “demorou” para fazer o reajuste uma vez que estava praticando preços abaixo da referência internacional. “Nesse tempo, a empresa saiu perdendo dinheiro. Volatilidade é uma coisa de mais curto prazo e não de 99 dias”, afirmou.

Não havia como evitar o aumento, pois o diesel não era reajustado nas refinarias da Petrobras desde 10 de maio – há 39 dias. Já a última alta no preço da gasolina havia sido em 11 de março – há 99 dias. Foi o maior intervalo sem reajustes na gasolina em ao menos mais de 2 anos e meio.

Em entrevista para a Globo, o economista e consultor em finanças Álvaro Bandeira lembra que a Petrobras também importa diesel para garantir o abastecimento do mercado interno e que vender por um preço menor do que se paga significa “prejuízo na certa”.

“É bom lembrar que pior do que pagar caro por derivados de combustíveis é não ter combustíveis, ter desabastecimento e não poder escoar a produção, principalmente a produção agrícola e as exportações”, disse Bandeira, na entrevista.

Zylbersztajn destaca:

“O que o governo está sinalizando é muito ruim. Já avisou que vai mudar a diretoria toda, vai mudar o conselho, isso é uma intervenção”… “O governo é acionista, mas a Petrobras não é um órgão de governo. Tem que ter clareza disso. É uma empresa que tem 800 mil acionistas, então não tem que trabalhar a favor do governo”.

Portanto, qualquer crítica, contundente como as que estão sendo vistas em toda a imprensa, por parte daqueles que estão preocupados apenas com as eleições, são falácias infundadas.
As medidas econômicas deveriam ter sido tomadas muito antes, caso existisse uma verdadeira preocupação com os destinos da nossa economia, com estudos de opções que certamente resultariam num impacto bem menor, diante da crise que se alastra pelo mundo.

Da Redação O Estado Brasileiro