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A família Bolsonaro está, em sua totalidade, envolvida com a Justiça.
Sérgio Moro, disse em depoimento à Polícia Federal que ministros do governo Jair Bolsonaro reconhecem a ligação do filho do presidente, vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos), com o chamado “gabinete do ódio”. O grupo é composto por assessores do Palácio do Planalto, ligados a ala ideológica do governo.
Moro disse que, após deixar o governo em abril, passou a ser alvo de ataques nas redes sociais que teriam partido destes servidores, com a produção das já conhecidas fake news, produto de frente desta clã.
O grupo ligado a Carlos inclui os assessores especiais da Presidência Tercio Arnaud, José Matheus Salles Gomes e Mateus Matos Diniz.
Moro prestou depoimento à PF no caso dos atos antidemocráticos de março e junho deste ano. O inquérito, aberto a pedido da PGR, tramita no Supremo Tribunal Federal.
“Indagado se tem conhecimento do envolvimento de Eduardo Bolsonaro, Carlos Bolsonaro, Tercio Arnaud, José Matheus, Mateus Matos em quaisquer dos fatos ora mencionados (manifestações antidemocráticas), respondeu que os nomes de Carlos Bolsonaro e Tercio Arnaud eram normalmente relacionadas ao denominado ‘Gabinete do Ódio’; indagado sobre como tomou conhecimento da relação de tais pessoas com o denominado ‘Gabinete do Ódio’, respondeu quetomou conhecimento por comentários entre ministros do governo; indagado sobre quais ministros citavam a participação de Carlos Bolsonaro e Tercio Arnaud no ‘Gabinete do Ódio’ respondeu que eram ministros palacianos (que trabalham no Palácio do Planalto)”, disse Sérgio Moro, segundo termo de depoimento registrado pela Polícia Federal. Moro, no entanto, não quis revelar os nomes. Os ministros que trabalham no Palácio do Planalto atualmente são Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo), Walter Braga Netto (Casa Civil), Jorge Oliveira (Secretaria-Geral da Presidência) e Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional).
Moro declarou que, para mais detalhes, seria importante ouvir os ministros do Palácio do Planalto, mas sem dizer quais. “Indagado se o depoente poderia nominar tais ministros, respondeu que reforça que era um comentário corrente entre os ministros que atuavam dentro do Palácio do Planalto”, registrou a PF.
Em outro momento do depoimento, porém, o ex-ministro listou como “palacianos” Heleno, Ramos e também o secretário de Comunicação, Fabio Wajngarten.
Moro foi ouvido como testemunha, e não consta como investigado. A PF mira parlamentares, youtubers, blogueiros e empresários bolsonaristas ligados a manifestações antidemocráticas, enquanto rastreia a movimentação de valores envolvida nos atos e na geração de lucro nas redes sociais por meio da monetização de canais.
A PF já ouviu, neste inquérito, Carlos Bolsonaro e os três assessores da Presidência que fazem parte do gabinete do do ódio.
Moro afirmou que não tem conhecimento da utilização de recursos e estrutura do governo federal para a realização de ataques, e que as informações que têm sobre esse tema foram colhidas na leitura da imprensa. No entanto, sobre os ataques que recebeu após romper com o governo Bolsonaro, Moro disse que “chegou ao seu conhecimento que tais ataques eram oriundos do denominado ‘gabinete do ódio’”.
Sérgio Moro, ao ser questionado se teve conhecimento da existência de uma estrutura montada no Planalto para atacar a honra dos presidentes da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, do Supremo Tribunal Federal ou da República, ele respondeu que “seu conhecimento sobre tais ataques vinha por meio das redes sociais e da mídia, não sabendo a origem de tais publicações”. Mas, em seguida, ao ser perguntado se tal estrutura teria sido usada para “tentar impedir, com emprego de violência ou grave ameaça, o livre exercício de qualquer dos Poderes da União ou dos Estados”, Moro disse que “tinha conhecimento de uma animosidade entre o Presidente da República e o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ)”.
Ao mesmo tempo em que Moro cumpre, tranquilamente, os chamados para depoimentos, Jair Bolsonaro foge de esclarecer o caso da interferência na PF.
O presidente, que havia dito que não teria nada contra a abertura do processo de apuração, mudou de ideia, como lhe é peculiar, e desiste de depor, alegando, através da AGU, que o vídeo da reunião ministerial já deixa tudo claro e que o processo deve ser concluído, sendo que, para isso, falta apenas seu depoimento.
A AGU alegou ao STF que a divulgação da reunião ministerial do dia 22 de abril, marcada por ofensas e xingamentos e tornada pública por ordem do então ministro Celso de Mello, ‘demonstrou completamente infundadas quaisquer das ilações que deram ensejo ao presente inquérito’. O presidente também relembra que o prazo de prorrogação concedido às investigações está chegando ao fim.
A Alegação da AGU
“Assim, o peticionante vem, respeitosamente declinar do meio de defesa que lhe foi oportunizado unicamente por meio presencial no referido despacho, aliás, como admitido pelo próprio despacho, e roga pronto encaminhamento dos autos à Polícia Federal para elaboração de relatório final a ser submetido, ato contínuo, ainda dentro da prorrogação em curso, ao Ministério Público Federal”
Nota da Defesa de Sérgio Moro
“A negativa de prestar esclarecimentos, por escrito ou presencialmente, surge sem justificativa aparente e contrasta com os elementos reunidos pela investigação, que demandam explicação por parte do Presidente da República”, afirmou o criminalista Rodrigo Sánchez Rios, que representa Moro.
Um recurso da AGU contra a decisão de Celso de Mello está pendente para julgamento no Supremo. O único ministro que já votou foi o próprio Celso, que defendeu a posição de uma oitiva presencial para o presidente da República. O julgamento foi suspenso, sem data para ser retomado.
Da Redação O Estado Brasileiro
Fonte: Estadão conteúdo
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