O “homem do templo” ao misturar política com benefícios aos que apoiam a religião que explora, ainda sai ileso e não será destituído.
A Câmara Municipal do Rio de Janeiro rejeitou nesta quinta-feira (12), em uma sessão extraordinária, um pedido de impeachment contra o prefeito Marcelo Crivella por conceder supostos favores a igrejas evangélicas.
Na sessão, 29 vereadores votaram contra a admissibilidade do impeachment e 16, a favor, em procedimento que requeria maioria simples para dar seguimento ao caso. Um segundo pedido de destituição também foi negado por se basear em argumentos similares.
Crivella, bispo evangélico licenciado, foi alvo na segunda-feira de um primeiro pedido de impeachment, apresentado pelo vereador Átila Nunes, do MDB. Depois, o deputado estatal do Psol, Marcelo Freixo, apresentou um segundo pedido.
A Câmara Municipal estava em recesso, que termina em agosto, mas após a votação de mais de um terço de seus integrantes, funcionou em caráter extraordinário nesta quinta para discutir os pedidos.
Dezenas de pessoas manifestaram-se em frente à Câmara Municipal, a favor e contra os pedidos.
A votação durou menos de quatro horas.
Antes da votação, o Tribunal de Contas da União deu um prazo de 30 dias para que o prefeito apresente informações adicionais das contas públicas do ano passado, depois que a análise das mesmas revelaram um déficit de 1,6 bilhão de reais.
As críticas em relação a Crivella, que assumiu o cargo em janeiro de 2017, se aprofundaram depois que o jornal O Globo revelou na semana passada os áudios de uma reunião “secreta” que o prefeito e o ex-bispo da poderosa Igreja Universal do Reino de Dios celebrou no Palácio da Cidade com 250 pastores evangélicos.
Na reunião, realizada na última quarta-feira, 4 de julho, aparentemente se misturou política e religião: o prefeito teria oferecido a seus “irmãos” a possibilidade de agilizar operações de cataratas, sugerido que se modificassem as paradas de ônibus para que ficassem mais perto das igrejas e proposto ajuda para resolver problemas com o pagamento de um imposto predial.
“Nós temos que aproveitar que Deus nos deu a oportunidade de estar na Prefeitura para esses processos andarem. (…) Vamos aproveitar esse tempo que nós estamos na prefeitura para arrumar nossas igrejas”, disse Crivella, segundo as gravações.
No evento, estava presente o pré-candidato a deputado federal de seu partido Rubens Teixeira, no que vereadores de esquerda consideram um ato de campanha antes do prazo permitido, o caracterizaria crime eleitoral, para o qual foi pedido investigação.
da Redação OEB
com Agência AFP