Ministro tenta amenizar: Exoneração de coordenadora do Inpe não tem relação com alertas

Marcos Pontes (Ciência e Tecnologia) afirmou que Inpe passa por “reestruturação”, e Lubia Vinhas terá nova função. No dia 10, instituto informou que houve recorde de alertas de desmatamento.

Marcos Pontes, afirmou nesta terça-feira (14) que a exoneração de Lubia Vinhas do cargo de coordenadora-geral de Observação da Terra não tem relação com os alertas sobre desmatamento na Amazônia.

Ministro Marcos Pontes – Ciência e Tecnologia

O departamento até então chefiado por Lubia Vinhas, que integra a estrutura do Inpe, é responsável pelo monitoramento da devastação da Amazônia. A exoneração dela foi publicada três dias após o Inpe ter informado que a Amazônia registrou novo recorde nos alertas de desmatamento em junho.

“Ela não foi demitida. Só que aconteceu no momento desses alertas. O pessoal achou que tinha uma coisa a ver com a outra. Não tem. Ela não foi demitida, continua no time. Nós ampliamos as funções do Inpe, ela vai assumir uma delas. Então, é isso, talvez eu devesse ter olhado com mais cuidado, deixar mais para frente. Eu não prestei a atenção nesse item. Esse mal-entendido com relação a Lubia está esclarecido”, declarou Pontes nesta terça.

Marcos Pontes deu a declaração ao conceder uma entrevista coletiva sobre a “nova estrutura” do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), órgão vinculado ao ministério.

De acordo com o diretor interino do Inpe, Darcton Damião, Lubia Vinhas assumirá a “base de informações georreferenciadas”, área que, segundo ele, “é um projeto estratégico”.

Nesta segunda (13), ela afirmou à TV Globo que não sabia o motivo da exoneração, acrescentando que ficou sabendo da mudança pelo “Diário Oficial da União”.

Carta sobre ‘estrutura paralela’

Presente à mesma entrevista de Marcos Pontes, o diretor interino do Inpe, Darcton Damião, foi questionado sobre a carta na qual servidores do instituto afirmaram que há uma “estrutura paralela” criada no órgão para beneficiá-lo no processo de escolha do diretor definitivo.

“A ‘estrutura paralela’ é uma visão superficial. […] Em fevereiro, quando ela estava delineada, veio a escolha dos nomes. Quando foi feita a escolha, as pessoas foram indicadas. Mas elas não podem assumir porque ainda não existe a estrutura, de fato. Se você olhar os documentos, todos são pelas cadeiras anteriores. O que existe é que toda semana me reúno com os gestores das novas cadeiras para planejar e não improvisar quando a estrutura estiver aprovada”.

“Tudo isso é discutido com essa ‘estrutura paralela’. Mas não é paralela porque serão as pessoas que serão gestores. O que existe é uma discussão da estrutura futura”, acrescentou Marcos Pontes.

Na verdade, acende o alerta vermelho, qualquer declaração de ministros ou responsáveis por áreas delicadas do governo, que não estejam de acordo com o que quer o presidente Bolsonaro e a ocorrência deste fato incide na exoneração que depois começa a ser explicada de forma não convincente. Uma estratégia é um remanejamento após a exoneração, o que facilita a explicação do fato.

Da redação OEB
Fontes: O Globo, UOL, Estadão