Lewandowski diz que o impeachment foi um ‘tropeço na democracia’ e Gilmar Mendes rebate
Ricardo Lewandowski presidiu o final do julgamento de Dilma Rousseff e foi o responsável pelo fatiamento que manteve os direitos políticos da ex-presidente.
Gilmar Mendes, também ministro do Supremo, afirmou que tropeço foi exatamente o fatiamento.
Em declarações anteriores, Mendes já havia afirmado que o ato do presidente da mesa foi um golpe na Constituição Federal.
O ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou na última segunda-feira (26), durante aula na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP), onde é professor titular, que o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff foi um “tropeço na democracia”. Segundo ele, o Brasil sofre esses “tropeços” a cada “25, 30 anos”. Nesta quinta (29), a declaração foi criticada pelo presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Gilmar Mendes, também ministro do Supremo.
Ele é hoje um homem que envergonha o direito brasileiro, especialmente o tribunal que ele chegou a presidir. É um despropósito.
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O ministro foi além. Criticou a iniciativa do governo Michel Temer de propor a reforma do ensino médio através de uma medida provisória…
Se Lewandowski for tão bom em Teoria do Estado como é em história, seus alunos estão ferrados…
E Lewandowski é professor de Teoria do Estado, é isso? Pobres alunos!
O Jornalista Reinaldo Azevedo referindo-se a Lewandowski
A fala de Ricardo Lewandowski foi divulgada nesta quarta (28) pela revista “Caros Amigos”. Lewandowski, que presidiu o julgamento final de Dilma no Senado, deu a declaração sobre o impeachment quando falava para os alunos sobre participação popular na democracia brasileira.
Ele afirmou que a Constituição de 1988 não resolveu a falta de participação popular, o que gerou, segundo o ministro, o presidencialismo de coalizão, pelo qual vários partidos compõem a base do governo. Ainda de acordo com o ministro, essa situação culminou no impeachment.
“O presidencialismo de coalizão saiu disso, com grande número de partidos políticos, até por erro do Supremo, que acabou com a cláusula de barreira. Deu no que deu, nesse impeachment, a que todos assistiram, devem ter a sua opinião sobre ele. Mas encerra novamente um ciclo daqueles aos quais me referia. A cada 25, 30 anos, no Brasil, nós temos um tropeço na nossa democracia. Lamentável. Quem sabe vocês, jovens, consigam mudar o rumo da nossa história”, afirmou o ministro.
Questionado nesta quinta por jornalistas sobre a frase de Lewandowski, Gilmar Mendes afirmou que o processo de impeachment ocorreu com “normalidade” e o único “tropeço”, na opinião dele, foi o fatiamento da votação, que possibilitou a Dilma, embora destituída da Presidência, manter o direito de exercer cargo público. Na presidência da sessão do Senado, Lewandowski admitiu o fatiamento.
“Eu tenho a impressão de que esse processo [impeachment] correu com normalidade, essa é a minha impressão. Vocês sabem que esse processo, em linha de princípio, foi ele até exageradamente regulado pelo Supremo Tribunal Federal, que praticamente emitiu uma norma complementando a lei do crime de responsabilidade. Eu acho que o único tropeço que houve foi aquele do fatiamento, daquele DVS [destaque para votação em separado] da Constituição, no qual acho que teve contribuição decisiva do presidente do Supremo”, afirmou Mendes.
da Redação OEB
com G1
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