Lava Jato: força-tarefa denuncia Dr. Helio, ex-prefeito de Campinas, por lavagem de dinheiro

Político teve despesas de campanha pagas por empréstimo fraudulento concedido a José Carlos Bumlai pelo Banco Schahin

Ex-prefeito de Campinas – Helio de Oliveira Santos (PDT)

Os procuradores que integram a força-tarefa Lava Jato no Ministério Público Federal (MPF) em Curitiba apresentaram, nesta terça-feira (18/10), denúncia contra o ex-prefeito de Campinas (SP) Helio de Oliveira Santos, também conhecido como Dr. Helio; o ex-tesoureiro do PT Delubio Soares; o ex-presidente do Banco Schahin Sandro Tordin; os publicitários Giovane Favieri e Armando Peralta e o empresário Natalino Bertin. Todos respondem pelo crime de lavagem de dinheiro envolvendo cerca de R$ 4,2 milhões, provenientes de um empréstimo fraudulento no valor total de R$ 12 milhões, concedido formalmente em outubro de 2004 pelo Banco Schahin a José Carlos Bumlai, mas que se destinou na realidade ao pagamento de dívidas do interesse o Partido dos Trabalhadores. O empréstimo nunca foi pago por Bumlai, sendo que como contrapartida a Schahin obteve um contrato de US$ 1,6 bilhão para operação de um navio-sonda da Petrobras.

Caminho do dinheiro – A partir das investigações, foi constatado que José Carlos Bumlai, Giovane Favieri, Armando Peralta e Sandro Tordin se reuniram no segundo semestre de 2004 com o objetivo de fechar a obtenção de um empréstimo fraudulento de R$ 12 milhões que seria concedido pelo Banco Schahin a Bumlai, cujo objetivo na realidade era repassar a terceiros para o pagamento de dívidas do Partido dos Trabalhadores. A empreitada criminosa contou ainda com a participação do ex-tesoureiro da agremiação partidária

Helio de Oliveira Santos (PDT)

Delubio Soares, que se reuniu pessoalmente com os acionistas do banco Schahin para viabilizar a obtenção dos recursos.

Após a liberação do empréstimo, Bumlai começou a repassar os valores aos beneficiários finais por intermédio de operações que tinham por objeto ocultar a origem ilícita do dinheiro. Para isso, contou com a cooperação de Natalino Bertin, que emprestou as contas interpostas do Frigorifico Bertin para dificultar o rastreamento do destino final do dinheiro, tendo em conta que esta empresa movimentava elevadas quantias em negócios lícitos.

Do Frigorífico Bertin, metade dos valores seguiram para a Remar Agenciamento e Assessoria Ltda, de Oswaldo Rodrigues Vieira Filho, empresário do Rio de Janeiro que se incumbiu de direcionar o valor ao empresário Ronan Maria Pinto, em fatos já denunciados pela força-tarefa em abril de 2016.

Outra parcela dos valores foi direcionada pelo Frigorífico Bertin a credores do Partido dos Trabalhadores. Nesse contexto, a empresa Núcleo de Desenvolvimento de Comunicação (NDEC), pertencente a Peralta e Favieri, recebeu R$ 3.405.000,00. O pagamento foi como contraprestação pelos serviços prestados a Helio de Oliveira Santos (PDT), mais conhecido como Dr. Helio, no segundo turno da campanha a prefeito de Campinas em 2004. Dr Helio foi o candidato apoiado pelo Partido dos Trabalhadores após a derrota do candidato oficial do partido, Eustáquio Luciano Zica, no primeiro turno. Houve ainda a destinação de R$ 500 mil para pagamento da empresa Omny Par Empreendimentos Consultoria e Participações, que era credora dos publicitários Giovane Favieri e Armando Peralta.

Proveniente do mesmo empréstimo do Banco Schahin, o valor de R$ 95 mil foi usado para pagamento da King Graf, também por serviços prestados ao Partido dos Trabalhadores na campanha de 2004. Outra parcela, de R$ 150 mil, foi utilizada para pagamento de honorários do advogado de Laerte Arruda Correa Júnior, empresário relacionado a Delubio Soares, então detido na operação Vampiro. Uma parcela dos valores obtidos por Bumlai, de aproximadamente R$ 1,8 milhão, segue sem destino conhecido.

Outras denúncias relacionadas – A denúncia de gestão fraudulenta pela concessão do empréstimo foi apresentada em dezembro de 2015. Já a acusação de lavagem de dinheiro de outra parcela do mesmo mútuo, de cerca de R$ 6 milhões, que teve o empresário Ronan Maria Pinto como destinatário final, foi oferecida em abril de 2016. A denúncia apresentada agora é, justamente, um desdobramento dos fatos apurados anteriormente.

Confira a íntegra da denúncia aqui

da Redação OEB
com Ministério Público Federal