Grupo Gerdau é novo alvo da Lava Jato

A operação Lava Jato se estende cada vez mais e o grupo Gerdau não escapou.
Cada vez mais sólida e abrangente, a nova fase trouxe muitas novidades e sempre com peixes grandes em suas novas listas, surpreendendo a todos que acompanham atentamente a maior operação anticorrupção de toda história.

A Polícia Federal deflagrou mais uma etapa da Operação Zelotes na manhã desta quinta-feira (25). O alvo da vez é o grupo Gerdau.

Estão sendo cumpridos 22 mandados de condução coercitiva –quando a pessoa é liberada no mesmo dia após prestar depoimento– e 18 de busca e apreensão no Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, em São Paulo, Pernambuco e no Distrito Federal.

Em São Paulo, há 14 diligências: sete conduções coercitivas e sete mandados de busca e apreensão.

Um dos mandados de condução coercitiva é para André Gerdau, presidente do grupo Gerdau, que será ouvido na PF de São Paulo. O empresário, medalhista olímpico, levou bronze por equipes nos Jogos de Atlanta-1996 e Sydney-2000 e ouro no Pan de Winnipeg-1999. Na edição da Austrália, ele ficou em 4º lugar na disputa individual.

Segundo a PF, o mandado de André Gerdau não foi cumprido e, ainda de acordo com a PF, a família do empresário informou que ele se apresentará voluntariamente nesta quinta.

Já estão sendo conduzidas para prestarem depoimentos na sede da Polícia Federal em Brasília as advogadas Evanice Canário e Adriana Ribeiro. Elas são sócias do lobista José Ricardo da Silva, que está preso.

A Zelotes, cuja primeira fase foi deflagrada em março do ano passado, investiga um dos maiores esquemas de sonegação fiscal já descobertos no país.

Suspeita-se que quadrilhas atuavam junto ao Carf (Conselho Administrativo de Recursos Fiscais), órgão ligado ao Ministério da Fazenda, revertendo ou anulando multas. A operação também foca lobbies envolvendo grandes empresas do país.

A PF constatou que, mesmo após a deflagração da operação, o Grupo Gerdau continuou praticando os crimes de advocacia administrativa, tráfico de influência, corrupção ativa e passiva, além de associação criminosa e lavagem de dinheiro.

Os investigadores estimam que o grupo empresarial, com atividade em 14 países, tenha tentado sonegar R$ 1,5 bilhão, pagando propina a integrantes do Carf.

O esquema se dava pela contratação de escritórios de advocacia e de consultoria, responsáveis por intermediar a negociação do suborno aos conselheiros.

Além das ilegalidades constatadas nas ligações entre empresários e o colegiado vinculado ao Ministério da Fazenda, a Zelotes investiga suspeitas de pagamento de propina para a compra de medidas provisórias que interessavam à indústria automotiva.

Um a ação penal relacionada a esses crimes já está em curso na Justiça Federal em Brasília. Por determinação judicial, dois suspeitos, que estão presos por participação no esquema, serão interrogados na Penitenciária da Papuda, na capital federal.

CPI

O esquema fez com que uma CPI fosse instalada no Senado. Encerrada em dezembro, a CPI recomendou o indiciamento de 28 pessoas, entre ex-conselheiros e lobistas, o relatório final excluiu políticos e não avançou em relação ao trabalho da Polícia Federal e do Ministério Público.

Em fevereiro, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), criou, na Câmara, uma CPI para investigar fraudes no Carf.

Em uma das fases da operação, a Polícia Federal realizou um mandado de busca e apreensão na empresa LFT Marketing Esportivo, que pertence a Luís Claudio Lula da Silva, filho do ex-presidente Lula, nos Jardins, bairro nobre de São Paulo.

OUTRO LADO

Em nota, o grupo Gerdau diz que “está colaborando integralmente com as investigações da Polícia Federal” e que, “com base em seus preceitos éticos, a Gerdau não concedeu qualquer autorização para que seu nome fosse utilizado em pretensas negociações ilegais, repelindo veementemente qualquer atitude que possa ter ocorrido com esse fim”.

O grupo reitera “que possui rigorosos padrões éticos na condução de seus pleitos junto aos órgãos públicos e reafirma que está, como sempre esteve, à disposição das autoridades competentes para prestar os esclarecimentos que vierem a ser solicitados”.