General Mourão e China reconhecem vitória de Biden e general Pujou se pronuncia

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Para aumentar a insônia e ranger de dentes de Bolsonaro, uma dose dupla de alertas mostra que ele está sozinho e apenas tenta envolver, ou falar em nome da classe militar que, com palavras claras, colocam os fatos de forma incisiva, num dialeto nada subliminar, mostrando que não estão de acordo com o capitão deste “Titanic”, pois já assistiram este filme.

O General Hamilton Mourão, vice-presidente da República, deixa claro seu reconhecimento a Joe Biden como presidente dos EUA enquanto o General Edson Leal Pujol, comandante do Exército, afirma que os militares não devem se meter em política e que não quer política nos quartéis, separando as “coisas”.

Diz Mourão:
A vitória de Joe Biden nos Estados Unidos “está cada vez mais sendo irreversível”, numa bem entendida declaração de reconhecimento dos resultados eleitorais americano, que vem desde o anunciado pela imprensa, quando também afirmou que seria “claro que Bolsonaro iria reconhecer esta vitória, no momento certo”, o que provocou declaração irônica do mandatário que reiterou ser o dono do poder e da tal “poderosa caneta Bic”.

No entanto, o silêncio do presidente e seus comandados, proibidos de expressarem suas opiniões sob pena de demissão, mostra sua resistência em mais uma perda de pontos, o que vai, indubitavelmente, sendo anotado no “bloquinho presidencial” de Joe Biden e posteriormente cobrado, de uma forma ou de outra.

O “indemissível” Mourão, não escondeu sua opinião e concluiu dizendo que essa é sua posição individual e que não fala pelo governo. Minimizando o que, fatalmente, Bolsonaro irá declarar a respeito, no seu estilo próprio e já esperado, destilando sua discordância e dobrando a aposta, como lhe é peculiar, negando os fatos tão óbvios, com relação à legitimidade do presidente americano eleito.

Para alimentar a ira do negacionista dos fatos, o comandante do Exército, General Pujou, completa a crise nesta declaração que mostra o descontentamento dos militares com as sandices semanais, quando não diárias, do presidente.

“… não queremos fazer parte da política governamental ou política do Congresso Nacional e muito menos queremos que a política entre no nosso quartel, dentro dos nossos quarteis.” Afirmou o General Pujol.

A crise no relacionamento de Bolsonaro e seu vice Mourão, deixa claro que neste “casamento” (como gosta de se referir o dono da Bic), estão, há muito tempo, “dormindo em quartos separados”.

Vale ressaltar que, para reforçar ainda mais a ira, a China, depois de uma semana, reconhece formalmente a incontestável vitória de Joe Biden.

Com isso, todos os mandatários das grandes, médias e pequenas economias do planeta, simpáticas ou não umas às outras, dão-se as mãos e, diplomaticamente, cuidam de seus interesses de estado e do bem estar de suas populações, cumprindo o papel para que foram eleitos, reforçando o isolamento do Brasil que, se quiser se impor, deverá acionar o seu poderoso exército e mostrar que seu estoque de pólvora (invenção chinesa), falará mais alto e colocará todo o resto do mundo em seu devido lugar.

por: Celso Brasil

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Segue a declaração do General Pujol:

“O Ministério da Defesa, as Forças Armadas, o nosso assunto é militar. As questões políticas, eventualmente o ministro [da Defesa] participa do lado político do governo, mas não nos metemos em áreas que não nos dizem respeito. Eventualmente o ministro [Fernando Azevedo e Silva] é chamado para opinar no conselho de ministros, nas reuniões ministeriais. Ele deve dar as suas opiniões a respeito, particularmente naqueles assuntos que têm reflexo nas Forças Armadas ou na possibilidade de emprego das Forças Armadas, mas não queremos fazer parte da política governamental ou política do Congresso Nacional e muito menos queremos que a política entre no nosso quartel, dentro dos nossos quarteis. O fato de, eventualmente, militares serem chamados para assumir cargos no governo, [isso] é decisão exclusiva da administração, do Executivo. Eu recordo aí, no final do outro governo, o STF pediu e depois agora renovou, no final do ano passado, a presença de um general lá para trabalhar como assessor do STF. Não é porque vai tratar de assuntos militares. [É] porque ele acha que o perfil, a experiência, a formação, conhecimento do nosso país, que nós temos, de vários assuntos, a nossa formação acadêmica, que é muito diversificada, nos traz uma bagagem, que alguns setores da sociedade identificam como pessoas que podem ajudar no exercício de determinados cargos. O senhor nos conhece muito bem. Para dizer que, eventualmente, a assunção a um cargo público é como civil também, que tenha uma formação”.