Forças Armadas – o alto comando se pronunciou. O que se traduz disso?

… o Exército, “na condição de instituição de Estado, em meio à crise que assola o País, norteia-se pela preservação da estabilidade e da paz social, pela crença de serem condições essenciais para que as instituições, no exercício legítimo de suas competências, delineiem os rumos a seguir”.
General Comandante Villas Bôas

O discurso do alto comando deixou claro a posição das Forças Armadas – a manutenção do processo democrático e a preservação da estabilidade
Mesmo aos trancos, a Nação está vencendo as forças que tentaram levá-la à banca rota

Seu discurso mostra, também e claramente, que vivemos um outro tempo, muito diferente de 1964, quando as Forças intervieram diretamente no executivo.
Ponto importante é o comandante ter repetido que essas Forças estão e sempre estarão prontas para defender a Nação dentro de suas atribuições, garantindo a segurança e a soberania.

O momento brasileiro atual é de retomada da democracia plena, tão ameaçada pela esquerda radical que repete, como palavra de ordem em suas manifestações: “Não vai ter golpe. Vai ter luta”.
Sabe-se que, contra as ameaças, temos a Polícia Militar e a Polícia Federal para agirem em conjunto, dentro de suas atribuições e, se necessário for, as Forças Armadas (reserva estratégica), estarão prontas para entrar no combate aos focos considerados terroristas, para restabelecer a ordem pública. Essa hipótese é uma intervenção militar na linguagem das tropas, porém, longe da intervenção militar propalada por uma pequena parcela da direita que reivindica uma tomada dos três poderes, aos moldes de 1964.

Comandante diz que Exército ‘acredita no funcionamento das instituições’

Durante celebração, general Villas Bôas diz que Força ‘norteia-se pela preservação da estabilidade’

BRASÍLIA – Em mensagem do dia do Exército, comemorado nesta terça-feira, 19, dois dias após a aprovação da admissibilidade do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, o comandante da Força, general Eduardo Villas Bôas, disse acreditar no funcionamento das instituições brasileiras. Segundo ele, o Exército, “na condição de instituição de Estado, em meio à crise que assola o País, norteia-se pela preservação da estabilidade e da paz social, pela crença de serem condições essenciais para que as instituições, no exercício legítimo de suas competências, delineiem os rumos a seguir”.

RONDON5 MANAUS COLETIVA PROJETO RONDON NACIONAL General Eduardo Villas Boas - chefe do Estado maior da Amazonia fala sobre o projeto Rondon da Amazonia que sera reinaugurado na proxima quarta feira (19 de janeiro) pelo presidente Luiz Inacio Lua da Silva na cidade de Tabatinga (AM) 16|01|2005 FOTO DIGITAL: CELSO JUNIOR|AGENCIA ESTADO|AEGeneral Eduardo Villas Boas

Na ordem do dia, o general Villas Bôas destacou que “nos dias de hoje”, o Exército “não se deixa abater pelas dificuldades materiais impostas por restrições orçamentárias e salários defasados, que não condizem com a nobreza da profissão”. O comandante lembrou ainda que as Forças Armadas possuem altos “índices de confiabilidade e credibilidade” conferidos pela população do País e que o Exército é feito “de brasileiros portadores da simplicidade própria dos que têm a vocação de servir e da grandeza dos que se orgulham da profissão de soldado”.

Apesar de ser a principal data do Exército, nem a presidente Dilma Rousseff, nem o vice-presidente Michel Temer, compareceram à solenidade, que foi presidida pelo ministro da Defesa, Aldo Rebelo. Em seu discurso, Aldo Rebelo , depois de citar que “a história do Exército Brasileiro confunde-se com a trajetória da construção de nosso País e de nossa identidade nacional”, ressaltou que esta era a celebração “da Data Magna de uma Instituição que, assim como a Marinha e a Aeronáutica, é desprovida de qualquer busca por protagonismo fácil no cenário político institucional”. E emendou: “As Forças Armadas ajudam a formar o pensamento nacional e a modelar os objetivos permanentes do País. Que o aniversário dos Guararapes seja também oportunidade de celebrarmos o sentido de permanência que as Forças Armadas conferem à soberania da Nação”.

Defesa. Na sua fala, Aldo Rebelo disse ainda que “precisamos continuar integrando civis e militares, respeitar continuamente a memória dos grandes defensores e construtores de nossa Nação e fazer da Defesa, cada vez mais, um compromisso prioritário para todo o Brasil”. E passou a defender a necessidade de garantia de recursos para as Forças Armadas pedindo um mínimo de 2% do PIB para o Ministério. “A viabilização das condições materiais deve expressar-se no orçamento adequado para a Defesa, fixo e previsível, acima do nível médio dos últimos anos, de 1,5%. Esse tema está em debate na Câmara dos Deputados e a recém-apresentada PEC 197 estabelece para a Defesa a aplicação de, no mínimo, 2% do PIB. Sua aprovação conferirá à Defesa os recursos necessários para que projetos estratégicos de longo prazo sejam executados de forma contínua e previsível”, pediu Aldo, ao destacar a importância das Forças disporem de “meios indispensáveis” para que “cumpram sua missão constitucional com segurança”.

“Marinha, Exército e Força Aérea só poderão proteger a Nação com os meios e equipamentos adequados e suficientes, e nossos militares só terão condições de dar a melhor resposta possível em uma situação de necessidade, se estiverem garantidos sua formação e permanente treinamento”. Aldo encerrou seu discurso dizendo que o Brasil “precisa consolidar uma Política de Defesa compatível com essa grandeza, tanto em relação ao aspecto espiritual, forjado na abnegação e no patriotismo que guiaram a vida dos heróis de Guararapes, quanto em relação ao destino geopolítico do País”.

Dilma. A presidente Dilma não compareceu à cerimônia, mas encaminhou uma mensagem destacando que “as brasileiras e brasileiros sabem que podem contar com o Exército brasileiro”. “Saibam que o País é extremamente grato a vocês pela permanente demonstração de abnegação, de confiabilidade e de eficiência no cumprimento do seu dever constitucional”.

Dilma fez referência também “ao atual processo de transformação do Exército Brasileiro, com o desenvolvimentos dos projetos estratégicos que miram para o futuro e buscam dotar a Força Terrestre da necessária capacidade operacional e de dissuasão extrarregional”. Para ela, “esses projetos são também importantes indutores do fomento do parque industrial brasileiro, em especial da nossa indústria de defesa e, por isso, mesmo em um cenário fiscal adverso, temos buscado garantir, no âmbito do Ministério da Defesa, os recursos necessários à continuidade dos projetos estratégicos de todas as forças”.

A presidente Dilma lembrou que o Exército celebra hoje “368 anos de existência e também se comemoram 150 anos da participação brasileira nas batalhas de Tuiuti e Ilha de Redenção, importantes episódios no maior conflito armado da América do Sul, a guerra da Tríplice Aliança”. De acordo com ela, “nosso Exército desempenhou papel central na condução da solução militar do conflito e consolidando-se como instituição comprometida com os destinos da Pátria e da sociedade”.

Em sua fala, a presidente salientou ainda que “além de manter seus efetivos preparados para o cumprimento da missão constitucional de Defesa da Pátria e garantia da lei e da ordem, o Exército “tem papel decisivo” na execução de obras de engenharia em todo o País e em atividades de apoio de calamidade pública, emergências sociais e saúde pública e terá “papel essencial na condução das ações de defesa nos jogos olímpicos”.

da Redação OEB
com Estadão conteúdo