Com filiação de Bolsonaro ao PSL, grupo de deputado desiste de comandar PEN em Minas
A filiação-relâmpago do deputado federal Jair Bolsonaro ao PSL, anunciada na última sexta-feira, teve como uma das razões a instabilidade política e jurídica do PEN/Patriota em Minas. Mas a ida do presidenciável para o novo partido pode continuar rendendo novas disputas no Estado.
Antes acertado com o presidente nacional do PEN, Adilson Barroso, Bolsonaro colocou, em dezembro, um grupo político ligado ao deputado Marcelo Álvaro Antônio (PR-MG) para cuidar da executiva da sigla em Minas. Na época, no entanto, a antiga direção da legenda, liderada pelo deputado estadual Fred Costa (PEN), foi à Justiça para tentar impedir a mudança no controle do partido.
A situação deixou o grupo bolsonarista preocupado. Havia o temor, por exemplo, de que esse fato pudesse ocorrer em outros diretórios estaduais em datas próximas à eleição, o que poderia oferecer risco à candidatura do deputado ao Palácio do Planalto.
Desta vez, segundo Marcelo Álvaro, o seu grupo entregou nessa segunda-feira (8) uma carta de renúncia coletiva ao PEN. Eles devem ingressar, nos próximos dias, no PSL mineiro – e também ocuparão cargos altos na executiva. A informação, no entanto, não foi confirmada pelo presidente estadual do PSL, o empresário Carlos Alberto Pereira.
“Acho que o Marcelo está se precipitando, não tem nada certo nem fomos informados de mudanças na executiva estadual do PSL”, diz Pereira, completando: “O partido está sendo bem conduzido no Estado, não acho que há motivos para mudanças”.
No PEN, a presidência da legenda havia ficado com o chefe de gabinete de Marcelo Álvaro, Aguinaldo Mascarenhas Diniz. Ele foi subsecretário de Estado de Assuntos Municipais na gestão Antonio Anastasia (PSDB) e atuou como articulador e coordenador na campanha derrotada de Pimenta da Veiga (PSDB) ao governo de Minas, em 2014. Diniz também deve ficar com a presidência do PSL-MG, hoje ocupada por Pereira, marido da deputada federal Dâmina Pereira (PSL-MG).
A chegada de Marcelo Álvaro ao PSL deve diminuir a influência do vereador da sigla Léo Burguês na legenda. Atualmente, ele, junto de Dâmina, tem dado as cartas nas principais decisões da sigla no Estado. Apesar de estar com a influência ameaçada, Burguês usou uma rede social para saudar e comemorar a filiação de Bolsonaro ao partido.
Negociações
Apesar de não ter concretizado o acordo com o Patriota, Bolsonaro deve deixar rastros poderosos na legenda. Seu filho mais velho, o deputado estadual pelo Rio de Janeiro Flávio Bolsonaro (PSC-RJ), migrará de fato para o PEN e, pela legenda, vai concorrer ao Senado. A permanência faz parte do planejamento do presidenciável de tentar manter influência em mais de um partido.
Com a desistência de Bolsonaro de filiar-se ao PEN, o sonho de consumo da sigla para disputar a Presidência é o ex-presidente do Supremo Tribunal Federal Joaquim Barbosa. O jurista possui pretensões de lançar uma candidatura, mas ainda analisa as opções. Na sexta-feira, Adilson Barroso entrou em contato com o ex-ministro. “Vamos atrás de grandes nomes, pode ter certeza”, garantiu o líder partidário.
Você precisa fazer login para comentar.