Dispersionismo tebetiano

Desbugalhando

Não é verossímil, mas ainda há quem acredite em gnomos, bruxas, e contos da carochinha em pleno século XXI, vigésimo primeiro século da Era Cristã. Duvida?

Se pensarmos no que disse teólogo católico Karl Rahner “O cristão do século XXI ou será místico ou não será cristão”, seja o início de nossa história de hoje. O ponto de partida: é possível que essa gente da política nos tome como crentes do mundo das fantasias.

Ao meu sentir os donos das oligarquias partidárias subestimam a inteligência e sabedoria popular.

Sentados em suas confortáveis cadeiras de balanço divagam, viajam, flutuam em nuvens de ideias absurdas sobre como enganar os eleitores para que sigam seus mirabolantes planos para que se perpetuem no poder.

A mais recente maquinação dessa turma, depois de tentar destruir a justiça brasileira e o desmantelamento de uma das maiores operações de combate a corrupção, a lavagem de dinheiro, ao crime organizado, a ocultação de patrimônio, anulado por uma manobra espúria o julgamento do “capo di tutti capi” da maior organização criminosa do Brasil, responsável por um esquema de corrupção jamais visto na história brasileira, para fazer do Capo Lula novamente presidente do Brasil, uma espécie de vingança reabilitadora.

Os donatários dos partidos políticos se organizaram em conluio (cumplicidade para prejudicar terceiro(s); colusão, trama) para pôr em prática ao tal mirabolante audacioso plano. Para entende-lo se faz necessário um pouco de malícia. Tomemos emprestado um termo usado pela ciência biológica: DISPERSIONISMO.

Em biologia dispersionismo deriva de dispersão, entendida como um conjunto dos processos que possibilitam a fixação de indivíduos de uma espécie num local diferente daquele onde viviam os seus progenitores. Em outras palavras: dispersionismo é um conjunto de processos que possibilita que certos indivíduos vivam longe do lugar onde nasceram. Tipo, nasceu na Amazônia, mas vive no deserto do Atacama (localizado na região norte do Chile).

Os processos de dispersão são naturais e artificiais. Entre os naturais estão: a Ação da água, ventos e dos animais; e entre os artificiais a ação do homem.

Para fazer a transposição do termo dispersionismo para a política basta agora considerar que a espécie em questão seja uma eleição e que entre os processos estejam os animais políticos.

Dispersionismo político ocorre quando, por puro interesse comum, os participantes resolvem espalhar pelo campo social uma vontade que os unem visando descentralizar atenção de um tema, esvaziando o espaço que ocupava.

O MDB, em sua extrema maioria é descaradamente lulista, aliás, desde sempre, e esteve por trás das maiores manobras e conspirações da história recente brasileira. Isso se deve à sua origem, quando se formou, lá pelo ido mês março de 1966, quando foi lavrado o registro oficial do então PMDB, hoje MDB.

A história traz o assento de que o partido abrigava em seus quadros uma verdadeira horda de segregados. Não era exatamente um partido, era um amontoado de gente sem uma ideologia comum. Chamaram de movimento. Um movimento de viés comunista.

Dentro desse amontoado estavam, por exemplo, o MR8 – o Movimento Revolucionário 8 de outubro (nome dado em homenagem à prisão de Che Guevara na Bolívia ocorrida em 8 de outubro de 1967), um grupo marxista que obviamente lutava pala implantação do comunismo no Brasil; o partido comunista do Brasil; e, a ALB – Aliança Libertadora Nacional.

Simone Tebet é MDB e MDB é Simone. Não é segredo para ninguém que esse partido sempre esteve aliado ao PT. O MDB no senado “sofre” a liderança de ninguém mais, ninguém menos do que: Renan Calheiros, Jader Barbalho, Eduardo Braga, Fernando Bezerra e, por fora, dos ex-presidentes Michel Temer, José Sarney, e ex-senador Eunício Oliveira. Todos, de uma forma ou de outra estiveram aliados aos governos do Partido dos Trabalhadores, diretamente ou dando-lhe sustentação.

Não se pode estranhar, sob qualquer ponto de vista, que esse movimento calabouciano incisivo do grupo político de Simone Tebet em chamar para si o protagonismo da chamada 3ª Via faça parte do que já se pode chamar de dispersionismo tebetiano, ou seja, uma estratégia gestada nos calabouços do jogo eleitoral visando beneficiar a chapa Lula-Alckmin.

A lógica é tão clara que é invisível, imperceptível aos olhares despreparados. Veja: alguém com 1% das intenções de votos, segundo as recentes pesquisas, entra em cena para destruir outras candidaturas no chamado centro democrático não está falando algo sério. Se, por um milagre, Tebet tiver uma explosão de 100% nas intenções de voto chegará, no máximo, a 2%. É essa a razão de sua impertinência em dizer que só será candidata se for cabeça de chapa. Está óbvio, visa acabar com concorrentes fortes como Sérgio Fernando Moro, João Dória. Essa labareda conspiratória aumentaria as chances da utilização do famigerado voto útil – vote em Lula por que senão Bolsonaro ganha – apostando na altíssima rejeição de Bolsonaro -, e o resto? O resto que lute.

A 3ª Via nasceu morta e trazia consigo o DNA da conspiração da trinca: União Brasil-MDB-Cidadania, dentro do projeto Lula-lIvre, Lula presidente, a vingança!

Locuti sumus?

Estamos falado?

Desbugalhou?

Professor Lauro Fontes
Escritor e Analista Sociopolítico