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“Essa é uma das razões de o Brasil ocupar um lugar nada agradável na lista de países corruptos da Transparência Internacional”.
Procurador Lucas Rocha Furtado
Deputados pedem investigação sobre R$ 3 bilhões na compra de votos de parlamentares para Bolsonaro eleger seus candidatos Lira, na Câmara, e Pacheco, no Senado e, dessa forma, proteger sua família e seu cargo, sem risco do tão solicitado impeachment.
A esquerda e o centro questionaram a liberação dos R$ 3 bilhões para comprar votos de 250 deputados e 35 senadores negociados, pelo governo, durante a campanha para as presidências da Câmara e do Senado.
O PSOL entrou com uma representação no Tribunal de Contas da União (TCU) e na Procuradoria Geral da República (PGR) contra a liberação alegando compra de votos.
“Jair Bolsonaro busca eleger seu aliado Arthur Lira (PP-AL) como presidente da Câmara para impor uma agenda de ainda mais retrocessos para o Brasil. Para alcançar esse objetivo e facilitar a própria reeleição, está se valendo das práticas mais espúrias. Trata-se de um mega esquema de compra de votos de deputados”, disse a líder da bancada do PSOL na Câmara, Samia Bomfim (SP).
Ex-líder do Congresso do governo, a deputada Joice Hasselmann (PSL-SP) também fez críticas.
“Isso mostra o que é esse governo hipócrita do Bolsonaro. Um estelionato eleitoral. O homem que se elegeu falando que era contra o toma lá, da cá, fazia o tipão de ser honesto, na verdade é uma fraude. Um picareta que usa dinheiro público para comprar voto”.
No Twitter, a deputada Erika Kokay (PT-DF) lembrou da falta de recurso para a prorrogação do auxílio emergencial: “O governo Bolsonaro libera R$ 3 bilhões ‘extras’ em obras a 285 parlamentares em meio à disputa para a direção do Congresso. Não tem dinheiro para o auxílio emergencial, mas tem recursos para comprar parlamentares com objetivo de transformar o Congresso num puxadinho do Planalto?”.
URGENTE
— Erika Kokay (@erikakokay) January 28, 2021
Gov Bolsonaro libera R$ 3 bilhões "extras" em obras a 285 parlamentares em meio a disputa p/ a direção do Congresso. Não tem dinheiro para o auxílio emergencial, mas tem recursos para comprar parlamentares c/ objetivo de transformar o Congresso num puxadinho do Planalto?
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O ministro General Luiz Eduardo Ramos é quem faz as negociações.
A Secretaria de Governo, que o general comanda, virou o QG das candidaturas dos governistas Arthur Lira (Progressistas-AL), que disputa o comando da Câmara, e de Rodrigo Pacheco (DEM-MG), concorrente ao Senado. Nesta quarta, 27, o presidente Jair Bolsonaro disse que “se Deus quiser” vai “participar e influir na presidência da Câmara”, com a eleição de Lira para a vaga ocupada hoje por seu adversário Rodrigo Maia (DEM-RJ). Além de verbas, o governo também tem oferecido cargos a quem aceitar votar nos dois nomes do governo, segundo relatos de parlamentares.
Rodrigo Pacheco (DEM), Simone Tebet (MDB), Major Olímpio (PSL) e Jorge Kajuru (Cidadania) são os candidatos à presidência da Casa; saiba como estão distribuídos os votos para a sucessão de Davi Alcolumbre por Estado e por partido
Líder do PL e aliado do candidato Arthur Lira (PP-AL), o deputado Wellington Roberto (PB), saiu em defesa do governo. “Quando o Parlamento é eleito pelas suas bases, assume compromissos de trazer ações oriundas do governo federal ou do governo do Estado. É para ajudar seu município”, disse. “Se os prefeitos lá na ponta não tiverem condições de receber recursos, através da ação desses parlamentares, não tem o que fazer. O governo tem que ajudar, sim, os Estados e municípios.”
O deputado Alexandre Frota (PSDB-RJ), que é candidato à presidência da Câmara, declarou que a oferta do governo é “covardia”. “É uma covardia do Bolsonaro. Mostra a fraqueza do presidente e mostra também que deputados estão preocupados não com o país, mas com cargos, em não perder a boquinha”.
O subprocurador-geral do Tribunal de Contas da União (TCU), Lucas Rocha Furtado, criticou a investida do governo, mas ponderou que é juridicamente difícil comprovar a cooptação por meio dos recursos extra orçamentários.
“Provar que há um toma lá, dá cá é impossível”, afirmou Furtado, autor de dezenas de representações a ministros do TCU com pedidos de fiscalização da presidência da República, dos ministérios e autarquias. O subprocurador-geral do TCU considerou, porém, que a estratégia de uso dos recursos públicos é danosa ao País: “Essa é uma das razões de o Brasil ocupar um lugar nada agradável na lista de países corruptos da Transparência Internacional”.
Da Redação O Estado Brasileiro
Fonte referência: Matéria Estadão com Camila Turtelli e Vinícius Valfré
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