Democracia Direta, será que funciona? General Paulo Chagas

gen-paulo-chagasAparentemente, a chamada Democracia Direta seria uma forma oportuna para contornar a plêiade de picaretas que povoa o Congresso Nacional em número bem maior do que o sugerido por Lula da Silva há algum tempo.

A proposta encontra uma falsa coerência quando confrontada com a realidade da primazia do interesse pessoal dos políticos sobre os da Nação e com a descabida quantidade e o fisiologismo dos “partidos” que dividem cadeiras no legislativo e cargos na administração pública.

À primeira vista, seria lógico que os cidadãos pudessem impor diretamente a sua vontade, deixando de lado as eleições e os eleitos, já que a maioria dos partidos brasileiros servem apenas para negociar os horários eleitorais e seu apoio às propostas de quem paga mais.

No entanto, se olharmos com mais atenção para o pensamento preconizado por Antônio Gramsci e adotado pela esquerda mais radical, liderada pelo Partido dos Trabalhadores, verificaremos que esta situação está perfeitamente alinhada com os objetivos hegemônicos visados pela estratégia do Foro de São Paulo.

A inexistência de uma disputa política organizada, propositiva e honesta favorece a ilusão de uma participação direta da sociedade nas decisões de governo e torna-se a melhor máscara para a ditadura das ideias e dos interesses do partido no poder, ou do “partido único”, ou, ainda, do “único partido organizado e capaz de propô-las”.

A proliferação de legendas nanicas e vazias de propostas, vai, portanto, ao encontro dos interesses totalitários do Foro de São Paulo e da ressuscitação do comunismo no Brasil e na América Latina.

A ideia da participação direta dos cidadãos na discussão das proposições de governo, desconsiderando a representatividade do parlamento, em que pese, teoricamente, respeitar e fortalecer a vontade do povo, nas circunstâncias criadas pela demagogia e pela corrupção do processo político brasileiro, na realidade, tem efeito diametralmente oposto e transforma a ideia em mais uma utopia à disposição dos intelectuais orgânicos, muito bem identificados e instruídos pelos Cadernos do Cárcere de Antônio Gramsci e pelos radicais da esquerda, cujas ganância, desonestidade e  despreparo estão a ser desmascarados.

Nós, brasileiros, temos que entender que o que precisa ser mudado não é a forma como exercemos a democracia, mas os nossos hábitos. As soluções sempre estiveram aos nosso alcance, mas o nosso descaso para com a política fez com que as deixássemos nas mãos de uma maioria de políticos despreparados, desonestos ou mal intencionados.

Devemos urgentemente reduzir o número de partidos e exigir deles projetos realistas de governo, assim como, selecionar, eleger e fiscalizar aqueles cidadãos que, em nosso nome, terão que empenhar o melhor dos seus esforços para implementa-los, ou seja, precisamos assumir o domínio e o controle do processo político existente antes de pensar em qualquer aventura em terreno desconhecido e para o qual não estamos efetivamente preparados.

A resposta à pergunta título deste texto é, sem dúvidas, que, nessas circunstâncias, a Democracia Direta só funcionaria para acabar de vez com a democracia.

Gen Bda Paulo Chagas
Colunista