Da inutilidade ao voto útil

Incialmente deve-se conceituar esse tipo de voto

Voto útil, ou estratégico, é o ato de votar em um candidato que supostamente tem maior probabilidade de ser eleito, se contrapondo aos eleitores que preferem um outro candidato. A ideia é que o gesto impeça que um candidato por um terceiro partido ganhe a eleição. Uma tolice típica de mente fraca. A eleição é a oportunidade para se escolher um programa e não uma pessoa. A pessoa pode representar uma proposta, mas é preciso ter atenção. Por quê? Porque ao se utilizar do voto estratégico se está também abrindo mão da proposta e programa, estudado e discutido, durante todo o processo, para solucionar os problemas da sociedade e aderindo, por força de uma onda casuísta, a uma outra que não aquela que acredita.

Segundo o cientista político Ricardo Ismael, da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro – PUC-Rio, ao optar pelo voto útil, ou seja, abandonando seu candidato preferido para votar em um outro candidato, o eleitor falseará o resultado final das eleições, além de ajudar a enfraquecer o partido de sua preferência, e consequentemente, o programa partidário que defende ser a melhor proposta para a sociedade. E pior, contribuirá para reduzir drasticamente a representatividade da bancada de sua preferência no Parlamento.

Ao fim e o cabo, na tentativa de impedir que um determinado candidato tenha a chance de vitória votando em um concorrente, hipoteticamente com mais chances, o eleitor abre mão da promoção de sua vontade e se junta ao grupo sem sentido conhecido como “Maria vai com as outras”.

“Maria vai com as outras” é uma expressão popular muito utilizada para se referir a uma pessoa que demonstra não ter opinião ou vontade própria, volúvel. Culturalmente, uma “Maria vai com as outras” tem pouca personalidade, pois se deixa convencer com facilidade, concordando sempre com as outras pessoas, sem ter um posicionamento crítico sobre situações ou fatos.

A expressão popular teria surgido por uma associação com a figura de D. Maria I, a rainha de Portugal, mãe de D. João VI, popularmente conhecida como “A Louca”.

Conta a história que D. Maria I tinha problemas mentais, o que a incapacitava para governar, e portanto, foi afastada do trono, passando a viver reclusa, sendo vista quando saia para caminhar com suas damas de companhia. Daí o uso da expressão “Maria vai com as outras”. A forma passou a ser popularizada para se referir a alguém que não tem a iniciativa para tomar decisões, ou não possuir vontade própria.

Vemos nos dias atuais uma multidão de “Maria vai com as outras”. Uma massa humana que conscientemente optou pela ausência da crítica e do rigor científico. Se deixaram levar por narrativas de vigaristas, canalhas, falsários, larápios, batedores de carteira, flautistas, psicopatas, mitômanos, encantadores de ratos, sofistas, corruptos e corruptores, chefes de quadrilhas, rufiões, saltimbancos, engolidores de fogo, entre outros anormais. As “Maria vai com as outras” deixaram-se colonizar suas mentes, são gados marcados com a suástica nazista, ou com a foice e o martelo, ou ainda, com as marcas indeléveis da escravidão.

As “Marias” formam um contingente que está pronto para ser levado ao abismo sem entender da morte certa. Pior, uma parcela do grande grupo, atua nas redes sociais para vociferar argumentos torpes, cheios de ódio, visando destruir grupos de WhatsApp, perfis de Facebook e Instagram. Se colocam ao desserviço da construção ou reconstrução de um país que anda sofrendo com os extremos.

Nesses momentos em que nos aproximamos do dia das eleições gerais no Brasil, e tendo no radar a possibilidade de ver derrotado seu candidato de maneira fragorosa um grupo de fanáticos idólatras começam, por puro desespero, advogarem a utilização do voto útil. Sabedores da rejeição ao falso comunismo petista liderado por um dos maiores corruptos do mundo moderno, ladram, sem nenhum eco, frases do tipo “votar em Bolsonaro senão o PT volta”. Ora… o correto não seria bradar “SALVEMOS O PAÍS, NÃO VOTEM EM NINGUÉM”? Sim, porque se ninguém for votar, ninguém é eleito, né não?

Vou-me para dentro de minha rede ouvir Chico Cesar.

“Deus me proteja de mim

e da maldade de gente boa.

Da bondade da pessoa ruim

Deus me governe e guarde ilumine e zele assim”.

Professor Lauro Fontes
Escritor e Analista Sociopolítico