Celso B. Rabelo: Tire as crianças da sala – Bolsonaro vai falar

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OPINIÃO –

Um vídeo proibido para menores, com declarações do presidente, foi divulgado pelo assessor especial da Presidência da República, Tercio Arnaud, na plataforma Telegram. O vídeo logo “caiu nas redes”, mostrando a falta de nível (que não é só intelectual), daquele que ocupa a cadeira onde deveríamos ter colocado um Presidente.

Destilando o nível mais baixo da língua portuguesa (abaixo do popular), chegou aos quatro cantos do mundo, onde foi traduzido de forma cuidadosa, afinal, órgãos de imprensa que se presem, não costumam reproduzir termos de tão baixo calão.

Foi destacado, além do baixo nível, o ataque à imprensa, o que todos os países civilizados discordam.

Publicar fatos, realmente, irrita os inimigos da verdade, sobretudo aqueles que promovem e financiam as fake news.

O caso em questão foi o tão divulgado leite condensado, que traz em seu bojo, uma infinidade de despesas inusitadas, incluindo-se a única que, mesmo seus opositores, reconhecem ser justificada – alfafa e farelo, afinal, não é fácil manter uma claquete capaz de permanecer aplaudindo este tipo de espetáculo, mesmo que em pequeno número. Não são muitos, porém, fazem barulho como se fosse a grande parte. Aliás, foi dessa forma que enganou o eleitorado, fazendo pensar que era o único que poderia vencer seu opositor em 2018, com discursos moralistas que fez todos pensarem que sempre o ouviriam sem precisar tirar as crianças da sala. Somou-se a isso, os robôs, agora já público e objeto de investigação que, sabemos, resultará em muito mais dor de cabeça do que as que surgem diariamente, intensificadas com muito mais gravidade nos últimos dias.

BolsoNero, termo lançado pelo ‘The Economist’, ao se referir ao elemento em questão, descarregou sua ira sobre as críticas das despesa de R$ 15 milhões em leite condensado, gasto de seu governo em 2020.

Num almoço com seus ministros, aliados e cantores sertanejos numa churrascaria de Brasília, ele atacou a imprensa com xingamentos pesados e, sem qualquer comprovação, como costuma fazer, afirmou que na gestão da ex-presidente Dilma Rousseff, em 2014, a despesa foi maior.

Vale lembrar que o relativismo é próprio deste elemento e todos os seus seguidores. Se alguém disser que ele está matando pessoas, logo receberá a resposta de que Hitler matou muito mais e, dessa forma, tudo fica explicado, justificado e sem qualquer dolo.

Ele declarou, ao microfone, em discurso para os presentes

“Quando vejo a imprensa me atacar dizendo que comprei 2 milhões e meio de latas de leite condensado, vai pra p* que o pariu, imprensa de m*! É pra enfiar no r* de vocês da imprensa essas latas de leite condensado”.

Os gastos foram divulgados no domingo pelo site Metrópoles, tendo como fonte o Portal da Transparência. Ao todo, a administração federal – o que inclui de ministérios a autarquias vinculadas ao Executivo – gastou R$ 1,8 bilhão no ano passado com este tipo de compra.

O Metrópoles divulgou a extensa lista que acabou por tomar todas as redes sociais com críticas e questionamentos dos internautas que, pasmos, não conseguiam entender como um governo Federal poderia cometer tal ato em plena crise pandêmica, onde os valores foram comparados com a capacidade de compra de respiradores, oxigênio, vacinas e até apartamentos tríplex no Guarujá.

Com a grande repercussão da matéria publicada, seguiu-se um ato ilegal, previsto em artigo – o Portal da Transparência foi tirado do ar, pela primeira vez em toda sua história.

Mas, o mais difícil de se aceitar foi a forma como Bolsonaro se expressou, sabedor que é, mesmo que indevidamente, o chefe de Estado Brasileiro.

Atualmente, usando seu submisso PGR, ele coloca como laranja, o Ministro da Saúde na “chapa quente”, com a esperança de se livrar do TCU, STF, Polícia Federal, Ministério Público e tudo que cai sobre o também submisso Ministro, sendo que a delação do investigado já foi feita publicamente – “Um manda e o outro obedece”.

Vivendo a tensão de quem sofre pressão popular pelo impeachment, apoiado por muitos parlamentares e instituições, acusado de genocida – pela população, especialistas, imprensa internacional e inúmeros órgãos – com esposa e filhos investigados em comprovados crimes, além de tantos outros desafios que ele próprio plantou, agora recusa-se a colher os frutos de uma administração incompetente, ineficaz e prejudicial ao pais e sua população.

A alta conta está chegando, porque não é apenas isso. A lista de erros crassos, perversidades e ilegalidades é imensa e terá que acertar cada uma delas, vivendo o inferno que já enfrenta, precisando comprar todos que o sustentam temporariamente no poder, sabedor que seu fim está próximo, porque sua situação se torna insustentável o suficiente para ser entregue à própria sorte, sem que qualquer pessoa possa livrá-lo do destino que plantou.

E para encerrar, deve ser lembrada a máxima:

Os poderes se alternam, mas a imprensa permanecerá e continuará a cumprir sua sagrada missão, denunciando, levando a verdade à população, desmascarando os ímpios e colaborando para que a democracia se consolide mais e mais.

Celso B. Rabelo
Jornalista e Comunicador