A festa dos condenados livres – um baile sem máscaras

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Empresário réu por fraude foi quem promoveu a festa da vitória de Arthur Lira para 300 pessoas, onde a máscara não era vista, típico de aglomeração bolsonarista.

Os investigados e condenados estão em festa. Agora contam com a garantia de que as consequências de seus crimes serão abrandadas, por terem um condenado na presidência da Câmara, que lutará pela causa.

Arthur Lira

Marcelo Perboni, denunciado pelo Ministério Público por fraudar a fiscalização tributária ao omitir receitas relativas a saídas de mercadorias, foi quem deu a festa da impunidade.

Com repercussão internacional, por conta do Brasil eleger um condenado apoiado pelo próprio presidente, o Brasil é mais uma vez golpeado em sua imagem lá fora.

A “festa da vitória” de Arthur Lira, reuniu cerca de 300 pessoas em plena pandemia e ocorreu em uma luxuosa casa do empresário catarinense Marcelo Perboni. Produtor e comerciante de frutas, ele é acusado pelo Ministério Público de se apropriar indevidamente de R$ 3,8 milhões.

Perboni foi denunciado pelo MP por fraudar a fiscalização tributária ao omitir receitas relativas a saídas de mercadorias.

Marcelo Perboni, na condição de beneficiário dos lucros da atividade empresarial, apropriou-se de créditos de ICMS vedados pelo ordenamento jurídico, inserindo-os indevidamente em documentos e livros fiscais”, apontou o Ministério Público.

Réu em ação penal, Perboni recorreu ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) e ao Supremo Tribunal Federal (STF) para trancar o caso, mas a liminar foi negada. Agora, renasce a esperança e o empresário tem como garantia a amizade, comprovada pela festa, com Arthur Lira, seu companheiro condenado.

Cerca de 300 pessoas estiveram no local e poucos convidados usavam máscaras, o que incluía ministros do governo de Jair Bolsonaro, fiador da eleição de Lira – que também estava sem a proteção.

A interessante declaração de réu confesso:

A ex-deputada Cristiane Brasil, filha de Roberto Jefferson, cantou “Malandragem”, de Cássia Eller: “Eu só peço a Deus/ Um pouco de malandragem/ Pois sou criança/ E não conheço a verdade.”

O ministro general Luiz Eduardo Ramos, da Secretaria de Governo, foi um dos presentes à festa. O “02” de Ramos na Segov, secretário executivo Jônathas Assunção, acompanhou o chefe.

O general foi quem comandou a distribuição de benesses na compra de votos para eleição na Câmara, a mando de seu chefe. O mesmo que prometeu combater a corrupção, o centrão e o toma lá-da-cá, em seus discursos na campanha presidencial.

Ramos tratou Lira como “cabra da peste” e deu tapinhas no ombro para reverenciá-lo pela vitória. O ministro Fabio Faria (Comunicações) e os secretários Fabio Wajngarten (Comunicações) e Jorge Seif (Pesca) completavam o time do governo na festa. O ex-ministro do Turismo, deputado Marcelo Álvaro Antônio (PSL-MG) também se fez presente.

Deputados e políticos aliados, como Roberto Jefferson, condenado no mensalão e presidente do PTB, eram maioria. O grupo mais íntimo de Lira estava em peso: Ciro Nogueira (PP-PI), Ricardo Barros (PP-PR), André Fufuca (PP-MA), Hugo Motta (Republicanos-PB), João Carlos Bacelar (PL-BA), Marcelo Ramos (PL-AM), Guilherme Mussi (PP-SP), Ricardo Izar (PP-SP), Marcelo Aro (PP-MG), Claudio Cajado, Evair de Melo (PP-ES), Fred Costa (Patriota-MG), Pastor Sargento Isidório (Avante-BA) e os rebeldes no DEM Pedro Lupion (PR) e Luís Miranda (DF).

A deputada Joice Hasselmann (PSL-SP) surgiu para dar um abraço no novo presidente. O deputado Julian Lemos (PSL-PB), outro “desiludido” com Bolsonaro, festejou a vitória governista. Figuras antes identificadas com a Operação Lava Jato, que investiga Lira, dançavam animadas, como o militante conservador Tomé Abduch, do movimento Nas Ruas. Bolsonaristas ostentavam camisas da campanha presidencial de 2018.

Ali, identificava-se todos os beneficiados e até mesmo críticos da “operação de distribuição de vantagens” que ocorreu sob o comando do general Ramos, afinal, general sabe comandar.

Fato é que, se levantarmos a ficha dos presentes, entenderemos que se tratou da “festa da vitória dos condenados e investigados na Justiça” ou ainda, “A festa dos condenados livres”.

Da Redação O Estado Brasileiro
Fonte: Estadão conteúdo e Fontes de Brasília

Redação: Celso Rabelo