Mensagens de celular denunciam Lula definitivamente

Mensagens em celular mostram que cozinhas da Kitchens eram para Lula
OAS pagou ainda R$ 1,3 milhão para guardar bens do ex-presidente entre 2011 e 2016

PR - LAVA JATO/15ª FASE - POLÍTICA - Carlos Fernando dos Santos Lima, procurador do Ministério Público Federal, durante entrevista coletiva na Sede da Superintendência da Polícia Federal em Curitiba. A Polícia Federal (PF) deflagrou a 15ª fase da Operação Lava Jato na manhã desta quinta-feira (2). O foco desta fase é o recebimento de vantagens ilícitas no âmbito da diretoria da Petrobrás. A operação foi batizada de Conexão Mônaco. O ex-diretor de Internacional da Petrobrás Jorge Zelada foi preso no Rio. 02/07/2015 - Foto: PAULO LISBOA/BRAZIL PHOTO PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

Mensagens encontradas no celular do ex-presidente da OAS Léo Pinheiro estão entre as principais provas de que o ex-presidente Lula e sua mulher, Marisa Letícia, foram os beneficiários das cozinhas adquiridas da Kitchens para o tríplex no Guarujá. O ex-presidente nega ser dono do apartamento, que segue em nome da OAS.

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Segundo investigações da Lava-Jato, há evidências de que a construtora não apenas pagou pela reforma do imóvel, que custou cerca de R$ 750 mil, como também desembolsou R$ 320 mil por móveis de luxo instalados na cozinha e dormitórios. As mudanças no tríplex, único do edifício Solaris a receber benfeitorias, teve a participação direta de Léo Pinheiro. A OAS também comprou a cozinha instalada no sítio de Atibaia.

Segundo as investigações, a OAS foi também a responsável pelo pagamento de cerca de R$ 1,3 milhão pela armazenagem de parte da mudança retirada pelo ex-presidente do Palácio do Planalto no fim do mandato. O período de armazenagem vai de 1 de janeiro de 2011 até janeiro deste ano.

Quem negociou a armazenagem foi Paulo Okamotto, que foi presidente do Instituto Lula e é sócio de Lula na empresa LILS Palestras desde março de 2011, mas o contrato foi feito em nome da OAS. O contrato teria ocultado os bens armazenados. Para os investigadores, houve falsificação, pois o documento informou que se tratava de “armazenagem de materiais de escritório e mobiliário corporativo de propriedade da construtora OAS”. Foi Okamotto quem assinou, em 12 de janeiro passado, procuração autorizando a retirada dos bens do local.
Nota fiscal em nome da OAS –

A suspeita é que a reforma e os móveis adquiridos para o tríplex no Guarujá são propinas decorrentes da participação da OAS no esquema de corrupção da Petrobras. Léo Pinheiro foi condenado pelo juiz Sérgio Moro a 16 anos e quatro meses de prisão por organização criminosa, lavagem de dinheiro e corrupção.

Para os investigadores, embora Lula diga que o apartamento não é dele, por permanecer em nome da OAS, há várias provas que dizem o contrário, como de dois engenheiros da OAS, do zelador, da porteira e do síndico do Solaris, além de sócios e empregados da empresa Talento, que reformou o tríplex.

Benefícios também no sítio de Atibaia

Para Lava-Jato, o ex-presidente também teria sido beneficiado por propina da Petrobras no sítio de Atibaia, que também foi comprado em nome de terceiros. O sítio, formado por duas propriedades contíguas, foi adquirido em 2010 por R$ 1,539 milhão. Entre 2010 e 2014, o sítio recebeu reformas patrocinadas por José Carlos Bumlai, pela Odebrecht e pela OAS – todos investigados na Lava-Jato. O valor entre reformas e móveis soma pelo menos R$ 770 mil.

As duas áreas que formam o sítio Santa Bárbara estão em nome de Jonas Suassuna e de Fernando Bittar, filho do sindicalista Jacó Bittar e sócios de Fábio Luís Lula da Silva. Os dois teriam sido representados na compra por Roberto Teixeira, amigo e advogado do ex-presidente. Foi Teixeira quem se responsabilizou por minutar as escrituras e recolher as assinaturas.

Segundo a Lava-Jato, também neste caso uma mensagem eletrônica aponta o uso de Bittar e Suassuna como interpostas pessoas. Quando Lula deixou o Palácio do Planalto, parte da mudança foi entregue no sítio, onde a família ficava com frequência.

Enquanto Bumlai e a Odebrecht se encarregaram da reforma, a OAS adquiriu móveis no valor de aproximadamente R$ 170 mil para a cozinha, comprada na mesma loja onde foram adquiridos os móveis para o triplex 164-A.

Empreiteiras pagaram R$ 30,7 milhões a Lula

Os investigadores da Lava-jato também apuram os pagamentos feitos ao ex-presidente, a título de pagamento de palestras à empresas LILS ou doações ao Institulo Lula, pelas empreiteiras que participavam do cartel na Petrobras.

Segundo os procuradores, a maior parte do dinheiro que ingressou entre 2011 e 2014 e teve como origem empresas do esquema de corrupção estatal – Camargo Correa, OAS, Odebrecht, Andrade Gutierrez, Queiroz Galvão e UTC. No total, os pagamentos das empreiteiras somam R$ 30,7 milhões do total de R$ 56 milhões auferidos no período pela empresa e pelo instituto.

O Instituto Lula recebeu R$ 20,7 milhões e a empresa de palestras, a LILS, R$ 10 milhões.

A Lava-Jato também descobriu que parte dos recursos que saíram da empresa e do Instituto Lula beneficiou pessoas do PT, por meio de pagamentos a empresas na qual essas pessoas aparecem como sócias. Parentes do ex-presidente também foram beneficiados.

Segundo os procuradores, a própria presidência do Instituto Lula chegou a ser ocupada por José Di Fillipi Júnior, que foi tesoureiro da campanha de reeleição de Lula em 2006 e que é apontado por delatores da Lava-Jato como recebedor de cerca de R$ 3 milhões em propinas pagas pela UTC, uma das empresas do esquema na Petrobras.