Mensagens em celular mostram que cozinhas da Kitchens eram para Lula
OAS pagou ainda R$ 1,3 milhão para guardar bens do ex-presidente entre 2011 e 2016
Mensagens encontradas no celular do ex-presidente da OAS Léo Pinheiro estão entre as principais provas de que o ex-presidente Lula e sua mulher, Marisa Letícia, foram os beneficiários das cozinhas adquiridas da Kitchens para o tríplex no Guarujá. O ex-presidente nega ser dono do apartamento, que segue em nome da OAS.
Agentes da Polícia Federal fazem ação no Instituto Lula em nova fase da Lava-Jato faz busca na casa de Lula e diz que petista é ‘beneficiário de delitos’
Mandado de condução coercitiva contra o presidente Lula foi autorizado na manhã desta sexta-feira, na 24ª fase da Operação Lava-Jato Análise: O inacreditável aconteceu, e projeto de poder do PT está perto do fim
Ministros da presidente temem reação grupos sindicais e movimentos sociais Entorno de Dilma teme reação social por operação da PF na casa de Lula
O deputado Pauderney Avelino elogiou atuação da Justiça e da Polícia Federal Líderes da oposição pedem prudência e dizem que lei vale para todos
Segundo investigações da Lava-Jato, há evidências de que a construtora não apenas pagou pela reforma do imóvel, que custou cerca de R$ 750 mil, como também desembolsou R$ 320 mil por móveis de luxo instalados na cozinha e dormitórios. As mudanças no tríplex, único do edifício Solaris a receber benfeitorias, teve a participação direta de Léo Pinheiro. A OAS também comprou a cozinha instalada no sítio de Atibaia.
Segundo as investigações, a OAS foi também a responsável pelo pagamento de cerca de R$ 1,3 milhão pela armazenagem de parte da mudança retirada pelo ex-presidente do Palácio do Planalto no fim do mandato. O período de armazenagem vai de 1 de janeiro de 2011 até janeiro deste ano.
Quem negociou a armazenagem foi Paulo Okamotto, que foi presidente do Instituto Lula e é sócio de Lula na empresa LILS Palestras desde março de 2011, mas o contrato foi feito em nome da OAS. O contrato teria ocultado os bens armazenados. Para os investigadores, houve falsificação, pois o documento informou que se tratava de “armazenagem de materiais de escritório e mobiliário corporativo de propriedade da construtora OAS”. Foi Okamotto quem assinou, em 12 de janeiro passado, procuração autorizando a retirada dos bens do local.
Nota fiscal em nome da OAS –
A suspeita é que a reforma e os móveis adquiridos para o tríplex no Guarujá são propinas decorrentes da participação da OAS no esquema de corrupção da Petrobras. Léo Pinheiro foi condenado pelo juiz Sérgio Moro a 16 anos e quatro meses de prisão por organização criminosa, lavagem de dinheiro e corrupção.
Para os investigadores, embora Lula diga que o apartamento não é dele, por permanecer em nome da OAS, há várias provas que dizem o contrário, como de dois engenheiros da OAS, do zelador, da porteira e do síndico do Solaris, além de sócios e empregados da empresa Talento, que reformou o tríplex.
Benefícios também no sítio de Atibaia
Para Lava-Jato, o ex-presidente também teria sido beneficiado por propina da Petrobras no sítio de Atibaia, que também foi comprado em nome de terceiros. O sítio, formado por duas propriedades contíguas, foi adquirido em 2010 por R$ 1,539 milhão. Entre 2010 e 2014, o sítio recebeu reformas patrocinadas por José Carlos Bumlai, pela Odebrecht e pela OAS – todos investigados na Lava-Jato. O valor entre reformas e móveis soma pelo menos R$ 770 mil.
As duas áreas que formam o sítio Santa Bárbara estão em nome de Jonas Suassuna e de Fernando Bittar, filho do sindicalista Jacó Bittar e sócios de Fábio Luís Lula da Silva. Os dois teriam sido representados na compra por Roberto Teixeira, amigo e advogado do ex-presidente. Foi Teixeira quem se responsabilizou por minutar as escrituras e recolher as assinaturas.
Segundo a Lava-Jato, também neste caso uma mensagem eletrônica aponta o uso de Bittar e Suassuna como interpostas pessoas. Quando Lula deixou o Palácio do Planalto, parte da mudança foi entregue no sítio, onde a família ficava com frequência.
Enquanto Bumlai e a Odebrecht se encarregaram da reforma, a OAS adquiriu móveis no valor de aproximadamente R$ 170 mil para a cozinha, comprada na mesma loja onde foram adquiridos os móveis para o triplex 164-A.
Empreiteiras pagaram R$ 30,7 milhões a Lula
Os investigadores da Lava-jato também apuram os pagamentos feitos ao ex-presidente, a título de pagamento de palestras à empresas LILS ou doações ao Institulo Lula, pelas empreiteiras que participavam do cartel na Petrobras.
Segundo os procuradores, a maior parte do dinheiro que ingressou entre 2011 e 2014 e teve como origem empresas do esquema de corrupção estatal – Camargo Correa, OAS, Odebrecht, Andrade Gutierrez, Queiroz Galvão e UTC. No total, os pagamentos das empreiteiras somam R$ 30,7 milhões do total de R$ 56 milhões auferidos no período pela empresa e pelo instituto.
O Instituto Lula recebeu R$ 20,7 milhões e a empresa de palestras, a LILS, R$ 10 milhões.
A Lava-Jato também descobriu que parte dos recursos que saíram da empresa e do Instituto Lula beneficiou pessoas do PT, por meio de pagamentos a empresas na qual essas pessoas aparecem como sócias. Parentes do ex-presidente também foram beneficiados.
Segundo os procuradores, a própria presidência do Instituto Lula chegou a ser ocupada por José Di Fillipi Júnior, que foi tesoureiro da campanha de reeleição de Lula em 2006 e que é apontado por delatores da Lava-Jato como recebedor de cerca de R$ 3 milhões em propinas pagas pela UTC, uma das empresas do esquema na Petrobras.
Você precisa fazer login para comentar.