O ceticismo e a impaciência trabalham a favor do adversário.

por General Paulo Chagas

Caros amigos
Há duas semanas Dilma Rousseff sofreu o impeachment que quase todos queriam e que alguns poucos duvidavam que ocorresse. Não foi uma vitória completa, arrasadora, porque as forças subterrâneas, na clandestinidade, atuaram para salvar parte do poder de combate do inimigo e lograram um êxito ainda não consolidado.

O PT foi tirado do poder, mas ainda não da vida pública. Na verdade, nunca será, porque, se queremos uma democracia plena, esta terá que acolher até quem contra ela conspira. Isso nos mostra que a nossa luta, mesmo não sendo uma luta “a muerte”, como a que o Che e os Castro impuseram à pobre Cuba – nunca mais “libre” -, será um entrechoque árduo e permanente de ideias e argumentos. O PT poderá desaparecer mas a proposta socialista permanecerá enquanto houver quem acredite na utopia do homem novo.

Lula foi finalmente denunciado por uma pequena parte de seus crimes, de forma clara, eloquente e competente pelos Procuradores do Ministério Público (MP), o que caracteriza o início do fim de um mito – literalmente – do pau oco!

Alguns, desconhecendo o papel do MP e o rito processual da justiça, dizem – por razões que variam da má fé à ignorância, passando pelo sensacionalismo – que não há, porque não foram apresentadas publicamente, provas dos crimes de que ele é acusado.

Ledo engano, porque cabe ao Juiz Sérgio Moro acolher ou não a denúncia e o comportamento recorrente do magistrado, e da equipe de procuradores que processam as investigações da Polícia Federal na Operação Lava Jato, nos dá sobejos  argumentos para alimentar a expectativa de ver o acusado dirigindo-se “a pé” para a cadeia, como publicamente prometeu.

Lula da Silva, por sua vez, reuniu seus poucos correligionários em um auditório de hotel para tentar, em vão, comover a Nação com sua reconhecida verve de conveniente e camaleônica coerência. Chorou, mas não comoveu nem tampouco convenceu, muito pelo contrário.

A figura – disfarçada de acaju – de Gleisi Hoffmann e seu sorriso irônico, acompanhados pelo balbuciar e o olhar “viajante” de Lindberg Farias e da postura de papagaio de pirata de Paulo Rocha, saltitante de um a outro ombro do “líder”, bem demonstram que o PT continua o que sempre foi, um engodo, e, mais recentemente, uma quadrilha a debochar do obscurantismo da sua militância e da gente miserável cuja pobreza usou para locupletar-se de dinheiro público.
Enquanto isso, a CPI da Lei Rouanet foi aprovada e José de Abreu – o cuspidor – e outros “famosos apaniguados” terão que apresentar-se no papel de eles mesmos para prestar contas da “mamata cultural” que enchia seus bolsos.

Concomitantemente, uma reforma política foi também aprovada, pondo em xeque a existência de partidos de aluguel, nanicos e sem propostas, que visam tão somente a participação no absurdo Fundo Partidário e o aluguel de espaço nos horários eleitorais. Segundo alguns especialistas, a medida poderá reduzir de mais de trinta para apenas uma dezena o número de partidos políticos no Brasil.

Ricardo Lewandowiski – o pigmeu – foi substituído na presidência do STF por Cármen Lúcia, uma indicada de Lula da Silva que brindou a alma brasileira com a seguinte declaração pública: “Na história recente da nossa Pátria, houve um momento em que a maioria de nós, brasileiros, acreditou no mote segundo o qual uma esperança tinha vencido o medo. Depois, nos deparamos com a Ação Penaç 470 [Mensalão] e descobrimos que o cinismo tinha vencido aquela esperança. Agora parece se constatar que o escárnio venceu o cinismo. O crime não vencerá a Justiça. Aviso aos navegantes dessas águas turvas de corrupção e das iniquidades: criminosos não passarão a navalha da desfaçatez e da confusão entre imunidade, impunidade e corrupção. Não passarão sobre os juízes e as juízas do Brasil. Não passarão sobre novas esperanças do povo brasileiros, porque a decepção não pode estancar a vontade de acertar no espaço público. Não passarão sobre a Constituição do Brasil!”.

Há muitos outros fatos novos a registrar. Vou deter-me nestes poucos para concluir que são indícios de que estamos progredindo lentamente no território do adversário. Se por um lado temos a nosso favor a razão, as evidências e o maior efetivo, devemos aceitar a verdade de que demos ao inimigo muito tempo para preparar e fortalecer as suas posições e que, portanto, temos muitos obstáculos a ultrapassar, armadilhas para desarmar e resistências a vencer.

Deixar-se dominar pelo pessimismo ou pela ansiedade e negar, desprezar ou reduzir a importância desses indícios é trabalhar para o inimigo, cujo foco é e tem que ser a nossa perda de impulsão.

Os verbos continuam a ser perseverar e vigiar e isto só será possível se valorizarmos todas as conquistas e quaisquer mudanças no ambiente operacional. A motivação para o combate é combustível indispensável para a manutenção da nossa ofensiva, não podemos desperdiça-lo com ceticismo e impaciência.

Gen Bda Paulo Chagas